domingo, 11 de julho de 2010

Uma visão acerca de Platão - Osvaldo


Se percebermos bem, alguns “espíritos” com embasamento filosófico mais aprofundado, distanciado do senso comum, perceberão que o ideal de uma sociedade diversa, e analogamente diversa do estado de consciência evolutiva do ser humano atual, se dá no imaginário, dada a incapacidade do homem de perpretar algo “coeso” e embasado em premissas humanísticas que englobem em seu bojo todos sem exceção.
Posso, penso eu, aqui também citar Kant no que tange a incognoscibilidade da “coisa-em-si”, este que foi um dos últimos metafísicos da era moderna a discorrer em sua proposição, acima de tudo, a “limitação” do conhecimento humano. Se assim é, não creio que a proposição platônica seja de todo fora de uma interpretação das “causas finais”, ou ao menos no que concerne aquilo em que se situa nos ângulos desfocados do ser humano e sua inaptidão a se esforçar em ser melhor. Não obstante, tampouco as filosofias contemporâneas possuem algo a propor além de um diagnóstico de nossas idiossincrasias sociais.
Em uma antítese às questões metafísicas “supra-sensíveis” que propõem muitas filosofias, nos deparamos com aquelas que igualmente as “escatologias”, nos remetem a um niilismo ressentido advindas do ceticismo filosófico perene. Naturalmente temos como síntese disto a exacerbação da inexorabilidade do “relativismo” absoluto, o qual não encontra um balizador inicial nem para nos livrarmos do mau uso da razão, esta que é tão “vivificada” hoje em dia e que nos remete novamente à “touca de pensar” de Kant, talvez aqui o homem usando uma “pseudo-razão” e minimamente tendo ciência dos “filtros” kantianos e sua metafísica , unindo as escolas do racionalismo Frances de Descartes e o empirismo Britânico de David Hume, tentativa que pretendia dar um “basta” nesta guerra acerca do “conhecimento” humano.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Do mau uso da razão - Osvaldo


Aqui encontramos vários argumentos contra o “projeto racionalista”, e gostaria de salientar que o próprio termo “racionalismo” se perde ao longo do tempo com o embasamento apenas do “operacional-concreto”, que se diga de passagem não é a causa primeira do movimento da razão.
Podemos nos portar ao período socrático no que concerne os primeiros ensaios dialéticos de uma época pós “cosmocentrista”, voltando-se ao homem mais do que as causas primeiras ou finais. Mesmo em Platão ou Aristóteles temos argumentos que viabilizam o bom uso da razão, e daí, em Teeteto, já encontramos as primeiras evidencias de um problema de ordem epistemológica, do acesso ao conhecimento das coisas, que era diametralmente oposto aos argumentos dos sofistas, como é do saber de todos.
Vamos dividir aqui as filosofias e usar de certo “silogismo” imbuído neste parecer: em termos de conhecimento, sabe-se, de acordo com os primeiros estudos antropológicos em sua devida época, que os ocidentais estavam “atrasados” tanto em pressupostos científicos como sociais, e que os pré socráticos beberam da fonte de algumas regiões asiáticas para a formulação dos primeiros pensamentos fora do escopo mítico da antiga Grécia, fato este alardeado por Nietzsche ao culpar Sócrates pela indução da filosofia “racionalista”, mas como filosofia é algo a ser estudado de forma profunda, veremos que Platão e Aristóteles nem foram tão racionais assim, como em uma tentativa de unir a metafísica com a ciência e os costumes sociais. Na época, os sofistas foram os primeiros a dar os indícios de “pragmatismo”, “utilitarismo”, “hedonismo” e “materialismo”, sobremaneira por parte daqueles que eram os “maus” sofistas, que a saber, não possuía uma ética advinda dos grandes mestres sofistas, diferenciando de Sócrates apenas no quesito “pagamento”.
Muito bem, é preciso ser de certa forma “circular” para irmos mais adiante.
Como todos sabem, com advento cristão, unido ao neoplatonismo de Plotino, surgem as primeiras igrejas, o resto é história, de modo que a patrística era totalmente atrelado ao platonismo, de uma forma que lhe convinha, obviamente, recheada de elementos que nem Platão conhecia, e logo mais, na escolástica, Aquino tentou fazer algo melhor, atribuindo a fé com a filosofia de Aristóteles, de modo que toda a ciência fosse advinda do teocentrismo como o próprio misticismo fosse dado com um respaldo “racional”.
Oras, é sabido que Bacon, Galileu, e outros deram os primeiros passos ao movimento chamado empirismo, como até hoje se baseia nossa ciência, e que através da razão ,e não de um poder dito “atemporal” da igreja, deveríamos conduzir nossas “verdades” e descobertas.
Resumindo este período, que faz alusão à Grécia antiga nos termos de real “conhecimento”, começava a aflorar certo “ceticismo” filosófico, que mais tarde fora endossado por David Hume. Mas certo sujeito chamado Descartes, que também é de certa forma mal interpretado, tem a oportunidade de viajar por lugares diferentes e constatar que costumes são diferentes em vários lugares, culturas e crenças eram constituintes de peculiaridades diversas dada certa região. Descartes propôs então, em suma, o maior dos ceticismos dos ceticismos em sua duvida hiperbólica, duvidando do conhecimento, de si mesmo, do mundo afora, e inclusive de Deus. Mas em seu “cogito” ele descobre que ciência e conhecimento também se dão por “dedução” e não somente por “indução” (mais tarde aprimorado por Kant), mas o melhor disto é sua tentativa de “limpeza” daquilo que é tido como senso comum, através da confusão, demolição e reconstrução, e para tal ele desenvolve uma metodologia.
Diria que a razão hoje é pouco lapidada, como diria Aristóteles, o homem é um caniço pensante.
Da razão não podemos escapar, do fato de sermos pensantes, jamais. O erro da filosofia ocidental, muito diversa das orientais, é o fato do homem sempre estar procurando uma confluência de forças externas a ele mesmo, se nossas condições atuais de sobrevivência se encontram de formas repletas de idiossincrasias, é pelo fato do próprio homem assim querer, e pelo fato de tantos “compartimentos” criados por nos mesmos em ciência, sociologia, política, religiões, e psicologia. A única forma “racional” que possuímos de conceber as coisas é “kantiana”, ou seja, categorizadas ao extremo, como se fossemos desmembrados numa alucinante tentativa hercúlea de nos recompormos em integridade novamente.
No que tange os grandes racionalistas, me simpatizo com as proposições de Descartes e Espinosa, este último sintetizou de forma singular as causas do sofrimento humano a partir do momento em que este passa a obliterar os indícios da própria natureza de forma que esta “desunião” passa a proporcionar sofrimento, e isto de certa forma corrobora com Nietzsche quando diz que perdemos o bom lado “dionisíaco” com a supremacia da razão em favor do “apolíneo”. Mas talvez o bigode também estava errado ao criticar Sócrates, pois parafraseando a dialética histórica, é natural ao homem cada vez mais “ciência” de si mesmo, e isto novamente só é dado pelo uso da razão, e voltando novamente ao bigode, este niilismo só pode esgotar por si mesmo, como em um ciclo natural de uma “virose”.
Vale ressaltar que se falamos em “projeto racionalista”, em filosofia nos remetemos aos grandes racionalistas, como Descartes , Espinosa e Leibniz, incluiria aqui Pascal. A saber, Descartes, em seu brilhante argumento ontológico, provou racionalmente a existência de Deus. Espinosa citou Deus ou natureza, e Pascal disse que o “coração” tem razoes que a própria razão desconhece. Estes filósofos talvez faziam parte ainda de uma leva que uniam, como no oriente longínquo, ciência com fé, natureza com Deus, sentimentos com razão. Mas como é peculiar da raça humana, dicotomias e polaridades são extremadas.
Este terreno árido é como a teoria do “cérebro em uma cuba”, ou da própria matrix, que nos remete novamente a Descartes, este que foi enfaticamente contra o ceticismo filosófico que faz com que neste terreno árido nada germine, a não ser ressentimentos contra a própria espécie e vida. O projeto de Descartes, este que influenciou veementemente Espinosa, tratou apenas do racionalismo enquanto a batalha do terceiro excluído, tanto que sua “ética” proposta era temporal, e não universal, tendo em vista o que depois passamos a compreender como “antropologia”. Mas ele também professava que a razão, após um processo de “refinamento”, poderia ser nosso farol neste turbilhão de vendavais ocidentais, no qual apenas seu bom uso poderia combater a massificação do relativismo radical, que desune a todos nas crenças do senso comum.
Percebo qual é o verdadeiro teor da crítica que concerne o dito “racionalismo”, que em outras palavras poderia ser citado como “reducionismo”. A saber, ou ao menos de acordo com uma visão um tanto quanto parcial em ralação à etimologia da palavra sendo citada e de acordo com um “teor” filosófico, dada sua origem, o que a principio a dúvida hiperbólica de Descartes, grosso modo, nos aponta em contrapartida ao sendo comum, é o combate às superstições e falácias, ou seja, o que seria de fato “perene”, em contraposição ao ceticismo empirista, em relação à algumas “verdades” a conduzir nossa razão, dado o fato de que somos constituídos de culturas diferentes tanto quanto “criações” diferenciadas ao longo de nossas vidas.
De certo Descartes tentou resgatar as questões “inatas” do raciocínio humano, em contraposição ao fato cético de nada podemos conhecer.
Embora nossa ciência seja calcada no empirismo, é evidente que as ciências “cosmológicas” atua com bases dedutivas ao tentarem explicar as teorias de causas finais, ou seja, através da “intuição”, apesar de muitos dizerem que isto nada tem de intuitivo, mas sim meramente o fato “kantiano” das categorizações de nossas mentes que viabilizam uma forma “pseudo-intuitiva” de fatores empíricos.
Oras, em se tratando de questões teóricas como das causas finais em cosmologia, ou mesmo da existência de Deus, é notório o fato em que de acordo com a observação humana, certas teorias, segundo o astrofísico Marcelo Gleiser em seu novo livro, seria impossível chegarmos a um consenso acerca destes assuntos de maior complexidade, como massa escura ou mesmo Deus. O que penso acerca disto é que há aqui, apenas separado por uma tênue linha, uma questão de “fé”, mesmo por parte dos cientistas ao lidar com certas teorias.
Concordo com o fato em que, ao menos no que tange o pensamento ocidental e da própria filosofia “contemporânea”, e não a “moderna”, é que no advento “racional-puramente-cientifico” fomos reduzidos a meras maquinas de pensar, com as explanações “químico-biologicas-mecanicistas” de nosso ser, que em comunhão com o próprio reducionismo ontológico da “ontologia”, fez com que o homem se “compartimentalizasse” cada vez mais em seguimentos díspares, a partir disto, desta “perda” do sentido holístico do ser tão amplamente discutido no oriente, o homem vê a necessidade de criar as ciências psicológicas, como bem sabidas após Schopenhauer e Nietzsche.
Querendo ainda mergulhar mais fundo na questão, não haveria aqui algo de "endêmico" em algumas criticas no que concerne a "razão" pela própria razão...ou seja, destituindo os clássicos argumentos racionais desde Sócrates, o que poderíamos "colocar" no lugar?
Ao que me parece, tudo culmina em um sentido evolutivo do próprio homem, sendo este ou não dotado do "bom uso” da razão ou o que ela de fato significaria hoje, pois desde as formas primitivas do ser humano, quando o cérebro ainda não tinha toda sua formação atual, me parece que Darwin não se exclui disto em suas teorias tampouco.
Penso que a grande questão é de fato social, humana, idiossincraticamente gerada pelo próprio homem com suas façanhas pueris.
Jung faz uma longa explanação acerca da “sombra” individual, analogamente à coletiva, geradas por nós mesmos, e que talvez nenhum filosofo tenha incluído em seu bojo erudito.
Kant talvez tenha acertado em cheio no que diz respeito a “diversas formas de observações”, isto é uma própria observação minha acerca do autor também. Descartes já havia se identificado como talvez um filósofo “pluralistas”,antes do advento das ciências antropológicas,ao não ser inserido nos limites da filosofia continental, fato este que foi suscitado quando o próprio ingressou nas tropas de Mauricio de Nassau e passou a conhecer outras culturas e costumes, embora de forma um tanto quanto escassa, dado as dificuldades de transporte da época. Descartes foi o famoso filosofo “mascarado”, por não poder dizer de tudo que pensava naquela sociedade de seu tempo.
A única proposição, em filosofia clássica, de um iminente “caos” universal, incluindo das possibilidades de “conhecimento” humano, seria o ceticismo absoluto de David Hume, este que também quase avassala o método dedutivo tanto quanto o indutivo, formas bem conhecidas de como hoje praticamos a nossa ciência e investigação.
Posto isto, não me parece que é mera “ilusão de ótica”, ou o fato de concebermos tempo e espaço distorcidos e de forma linear, que uma regularidade e ordenação das coisas como são dadas no universo não existam. Caso contrário, apresento-lhes a teoria do cérebro em uma cuba, ou mesmo do gênio maligno de Descartes, antes de suas conclusões finais, para talvez reforçar o argumento “ilusório” a la Matrix no que concerne uma tangibilidade perniciosa ou falaciosa daquilo apreendido por nossas mentes.
Num argumento filosófico anti-ceticismo, penso que em se tratando de assuntos macro, estes são perenes e de forma inexoravel independentes de nossas observações que, no micro, se esvanecem no “lambuzar” deste novo doce que é o advento da razão que, junto com filósofos apenas “ocidentais” demais, se perdem ainda ao identificar erros, mas nada propor para a correção.
Tenho muito claro para mim que filosofia ainda é clássica, e que seus desdobramentos se converteram em áreas como sociologia, antropologia e psicologia, dentre outras.
Voltando para a razão, não vejo de que outra forma o homem poderia deixar de usar sua ferramenta “cerebral”, já que penso que “pensar” não é apenas um exercício da raça humana, mas também uma necessidade “inesgotável.
Uma ala mais radical da filosofia culparia os gregos desde Sócrates para esta atual culminação, mas o erro é inerente à espécie, e talvez errar não seja desumano a partir deste principio, pois os mesmos se esquecem de uma substancial diferenciação de culturas e relativismos, e que o ser humano foi compartimentalizado em “setores”, aí sim podemos culpar a idolatria da razão, que enaltece tanto o senso comum quanto as imbecilidades advindas do mau uso da própria, ou mesmo talvez para onde caminham os futuros desafios da filosofia, que talvez seja uma batalha homérica contra o patamar cientifico mais alto que fará que o ser humano se oblitere de sua própria condição humana frente a clonagens e outras tecnologias avançadas, ao brincar simplesmente de “criadores”.
A metafísica filosófica ocidental é o que o pensamento “integrado” é para o oriente, a primeira se dá numa tentativa “racional” de compreender a incognoscibilidade de tudo que nos rodeia, portanto ainda ela é meramente “metafísica”, ao passo que a segunda, inexoravelmente, se valida em seu argumento por uma metafísica perene, ou seja, da necessidade da existência de Deus, Buda, Krishna, ou Oxalá, por exemplo.
Penso que, dentro do escopo acima, não há uma divisão entre razão e fé para os ocidentais, nós já integramos isto na razão, ou se preferir, de forma institucionalizada, e poderíamos voltar até na “sombra coletiva” de Jung.
Mas o “mal” ainda sempre está relacionado às questões falaciosas, crendices, preconceitos, intolerâncias ou mesmo no argumento do terceiro excluído e redicionismo ontológico, e se fossemos apenas “deletar” isto da atualidade que vivemos, retrocederíamos a um ponto ainda da formação do homem e em que este não tinha o “assombro” mediante sua própria existência. Arrisco dizer que isto é latente, e não induzido, porém contornável, com muito esforço, mas contornável.
O argumento do ceticismo filosófico, que também tira os créditos da razão enquanto formas de conhecimento, também é falho, diria inclusive que é um contra-senso para as investigações ontológicas , que também se inserem na metafísica. Somente não façamos confusão entre Ceticismo clássico e ceticismo “metódico”, adotado por Descartes para Eliminar em sua época crenças infantilizadas ou mesmo as advindas do senso comum.
Usar bem a razão não é tão mal assim, talvez o homem fosse bem menos “caniço”, não fosse por suas emoções de resquícios primitivos, as quais ainda o fazem esquecer que a era da “sobrevivência” em si já passou, mas seus resquícios permanecem num córtex ainda a lapidar.
A lógica clássica ou a razão não fomenta as idiossincrasias sociais e psicológicas que encontrarmos hoje, pois na época dos gregos antigos nada se sabia de estudos do cérebro humano, ainda não existia Freud nem Jung, tampouco a neurociência.
A questão é que filosofia, a partir de pressupostos oriundos apenas de silogismo aristotélicos, de puro relativismo sofista, ou meramente de fundamentados da razão pura, obviamente não explica a contraparte de todo argumento outrora refutado, para tal adentramos nas questões de ordem epistemológicas, que é um verdadeiro edifício em chamas da filosofia.
A saber, as implicações céticas da filosofia empirista, em contrapartida ao projeto de Descartes ou de outros racionalistas como Espinosa ou Leibniz, também perde seu valor nas questões de neurociência, de modo que “intuição” e “mente” é ainda um assunto a ser escrutinado mediante os próprios solavancos da ciência ainda tida hoje como “empírica”.
Em se tratando de linguagem ,ou outra filosofia qualquer que se atenha apenas nas implicações deste nosso orbe e respectivos viventes em sociedade, é notório que há de se fazer uma releitura dos primeiros na Grécia antiga que assim o professavam, a saber, os sofistas. (não se lê aqui nada de pejorativo à distorção etimológica, tampouco juízo de valores).
Desta forma, hoje há o que se denomina filosofia voltada às origens, daquela que se inicia na tríade Sócrates, Platão e Aristóteles, num sentido amplo desta ciência, e veementemente praticado pelos dois últimos citados, tanto que hoje há um movimento para a “desbanalização” da metafísica, esta que é subjugada por muitos por se tratar de “fantasias” ou meramente “new age”. Equivoco total, e para tal deve-se entrar a fundo no “core” da questão.
Uma inversão de conceitos aqui também é possível, ou seja, salvo Nietsche, que apenas se “deduz” um ceticismo de sua parte acerca de assuntos pertinentes à “cosmologia”, pois este estava obviamente interessado com as idiossincrasias humanas em um circulo vicioso juntamente com a escolástica, todos os filósofos que perpetraram um ceticismo a mil ventos poderiam estar “ressentidos” com a falta de respostas para muitas indagações “insondáveis”, gerando- se desta forma o pessimismo filosófico, ou seja, há filosofias diversas para todos os gostos, mas assuntos pertinentes à metafísica, às causas primeiras e finais , ainda fazem parte de um escopo que poucos ousam volitar, em nome apenas de lógicas de linguagens ou de uma razão que é precoce, mal entrada na era do “homo sapiens”, diverso de outras épocas em que nosso aparelho cerebral tampouco tinha a formação atual.
A questão muda de forma quando aliamos filosofia e cosmologia, ou mesmo “astronomia”, por assim dizer, pelo fato de tantas teorias apriorísticas que tentam desvelar as “causas finais” .
Oras, vemos aqui ciência fazendo um papel metafísico, daquilo que ela própria não tem a capacidade tecnológica para “decifrar”, teorizando portanto em suposições a priori acerca do infinito, talvez um “sendo comum” dentre os cientistas, no que se refere este tópico.
O que quero dizer, portanto, é que certos assuntos não são passiveis de serem extinguidos através da “lógica” do homem, eles serão para sempre pertinentes enquanto houver seres pensantes.
Nietzsche explica a morte de Deus não de forma “ipsis litteris” , mas como um movimento engendrado pelo próprio homem à luz da razão, esta que ele também critica. Um movimento no qual um ser humano, ao invés de rezar para seu deus ou para seu santo para passar uma dor de cabeça, irá desta vez ao médico (mínimo exemplo), e que o hedonismo é o movimento atual que substitui Deus, mas em contrapartida, ao mesmo tempo em que o homem quer algo, ele não quer, ou seja, o ser humano no fundo tem medo do “incognoscível”, e isto, inexoravelmente, é algo “dedutível” e não ‘induzível”.Para quem pratica filosofia, e não é apenas um “admirador” de certas filosofias, ainda o “assombro” mediante sua própria natureza e da natureza externa, até o cosmos, faz parte integrante do bojo filosófico “in natura”, e não de seus apêndices como antropologia, sociologia ou mesmo psicologia, e por fim, a própria ciência.
Talvez sobre para os céticos filosóficos apenas o materialismo, algo que implica apenas nossas preocupações em sociedade, e em ultima instância o anarquismo filosófico, mas aí entraríamos em outra contradição, pois apenas na visão de David Hume o amanhã não é “assegurado”, mas esta proposição já dura muito tempo frente a bilhões de anos de um universo “sempre” ordenado. A “razão” nada pode esclarecer por definitivo. Embora em filosofia ainda prevaleça apenas os argumentos mais “plausíveis” , está fadada à metafísica e à epistemologia questões mais acaloradas, e filosofia propriamente dita não é nada sem estas áreas. Hoje, a razão tem suas próprias idiossincrasias, a saber, seu uso em prol do hedonismo desenfreado e da condição humana.