sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O problema da ética a partir das religiões - Osvaldo


Seguramente se pensa que ética e moral só podem ser advindas de um escopo teológico, isto é uma inverdade. Talvez a partir possamos estar inferindo que um mundo em que só existisse ateus fosse impossível. Mas a filosofia não está embasada na razão? E a partir dela o viver civilizadamente?
Para tal, precisamos ler e entender profundamente do que se trata a “atitude filosófica” mediante a vida, que requer a necessidade dos juízos postos de lado, e somente assim poderemos vislumbrar o que há de bom na filosofia e o que ela pode nos oferecer.
Eu sugiro um livro muito interessante, um dos melhores que já li sobre ética: “História da ética”, de Henry Sidgwick, editora Ícone. Ele trata muito bem da ética em uma linha do tempo clara e expõe de forma muito agradável aquilo que não pode ser tomado como um exclusivo viés de contextualidade da história, tampouco da teologia, pois questões éticas e morais estão subsumidas em caráter racional, e não da intangibilidade metafísica, por mais que se tente assim apregoar.
Há certos filósofos que trata muito bem este assunto, como Descartes, Schopenhauer, Kant principalmente, e Espiniosa entre tantos.
Se perceber, há uma tênue linha que os separam apenas acerca da ética, e ela está primordialmente subsumida ao escopo de investigação humana, pois aquela velha estória da ética concebida a partir do medo e da proibição divina somente resulta “ aos olhos de Deus”, e não de seu outrem, ou seja, em nome de Deus esquecemos da alteridade humana e de sua contingência, ou seja, aquilo que pode ser e aquilo que não pode ser em termos de acontecimentos, da diversidade humana.
O sujeito epistemológico não pode ter uma relação exclusivista com Deus, como que se um mundo além deste fosse a meta final, obliterando portanto as necessidades iminentes deste orbe que não pertence apenas ao nosso egoísmo, e sim à pluralidade que concebe os céticos, religiosos, não religiosos, à nossa prole e aos futuros integrantes da humanidade.
Penso que se Deus é o bem supremo, ele não concebe uma bipolaridade sobre o homem entre bem e mal, o mal não existe, o mal é apenas uma ilusão e necessidade institucionalizada. Ele não é intrínseco à raça humana, o mal é apenas a ausência de esclarecimento racional, vide Sócrates e Aristóteles e Platão.
Enquanto a hipótese de o homem porventura ter vivido sem religião até hoje, eu não saberia dizer, mas sou muito curioso em saber com estaria hoje o ocidente ou toda a humanidade se a era das trevas medieval que sucumbiu com o florescimento do expoente humano não tivesse existido.
A filosofia está aí para nos dar uma consolação na ausência da religião, o que não significa que Deus de fato não existe ou exista, mas que precisa ser ressignificado, não sendo mais um objeto de consumo, coerção, e tampouco um comércio, e nem mero conforto metafísico que nos desvie de nossa verdadeira condição humana. Se existimos, devemos de fato compreender nossa atuação no mundo e quais saõ nossas possibilidades concretas, senão a vida não passará de uma bipolaridade existencial e esquizofrênica, levando-nos ao fanatismo e à anulação de nossos predicados humanos, tendo sempre Deus como um mata- borrão e a crença que o homem é eternamente orfão de uma paternalidade alhures de sua prole.
Por certo podemos afirmar que a dicotomia bem e mal é um condicionamento, dentre vários, de nossa mente limitada. É o emprego leviano do princípio do terceiro excluido que há na filosofia no que tange a lógica.



quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Plotino, Neoplatonismo e Cristo. O fim do racionalismo grego - Osvaldo


Podemos citar alguns precursores de Plotino, como Filo e Orígenes.

Filo de Alexandria (25a.c) fi um elemento vital para o cristianismo, pois era contemporâneo de Cristo e foi um judeu ortodoxo que queria mostrar como a filosofia preparava a mente para as coisas mais “elevadas” (Deus).
Basicamente, foi um platônico que transformou os universais abstratos de Platão novamente em Deus. Isto abriu um precedente.
A filosofia foi ficando mais metafísica e mais interessada na estrutura da alma do que na ciência ou na política, ou mesmo na ética. Talvez a queda do Império Romano tenha levado as pessoas a se interessarem mais pela religião, mas juntar o racionalismo grego como o pensamento judaico-cristão virou moda. A filosofia “pura” foi ficando cada vez mais diluída.
Aliado ao fato, Orígenes (184d.c), achava que os cristãos podiam tomar a filsofia tomando emprestadas as melhores idéias. Viu que a noção platônica do mundo sensível como mero reflexo de um mundo inteligível superior parecia de acordo com o cristianismo.
Como outros platônico cristãos, interpretou a bíblia como uma alegoria simbolista. O que ele julgava impossível era ter apenas um sentido literal. Sua oposição literalismo fica estranha quando se pensa que ele tomou Mateus XIX, 12, ao pé da letra...”E há eunucos que a si mesmos se fizeram eunucos por amor do reino dos céus...”
Bem, finalmente em Plotino (204d.c), o mais espiritual dos filósofos, ele ignorou o pensamento político e social de Platão e fez de sua filosofia uma religião.
A parte mais interessante de seu pensamento foi a concepção de uma santíssima trindade que estruturava o mundo. a base disso era a noção das idéias de Platão, pois para Plotino havia O UNO: O Deus, uma divindade abstrata cuja emanação é a energia assim como a emanação do sol é a luz; O NOUS ou espírito: inferior ao Uno de quem é uma imagem e superior a todas as outras coisas; A ALMA: que é superior ao corpo e deseja contemplar a idéia de Deus.
Os neoplatônicos combinaram as idéias de Aristóteles, dos estóicos, em pouco de Pitágoras, do misticismo, com piadas de mito e uma reformulação platônica das coisas, onde o corpo era considerado mau e o espírito, bom.
O cristianismo, como todas as religiões, foi-se desenvolvendo com o tempo. Acabou sendo uma ambiciosa síntese de muitos elementos, o que provavelmente explica por que resistiu tão bem.
Tendo assimilado o neoplatonismo e Plotino, o cristianismo dominaria a filosofia até o renascimento. O livre pensar só era possível se fosse um livre pensar cristão.

Filosofia em seu sentido estrito - Osvaldo


Não podemos afirmar que fazer a política da boa vizinhança constitua um saber filosófico em seu “sentido lato’, em detrimento de seu sentido “estrito”, que está calçado nos problemas referentes ao conhecimento, ao que pode existir e o que existe de fato, de como o conhecimento é dado e o que podemos efetivamente conhecer.
Por certo volitar entre as dúvidas mais áridas e duras do saber filosófico não é algo que anima ninguém, e por certo é natural que o homem procure suas muletas existências. Penso que há uma tênue linha que de fato explicita o que é uma liberdade, calçada na liberdade apenas de conferir que toda crença verdadeira é falsa, e requer rigor e coragem para com a própria existência para assim a promulgar.
Naturalmente todo o processo dos pensamentos aprioristicos humano jaz sob uma carapaça de pseudofilosofia. Como pode a própria razão determinar os fatores de cognosciblidade de algo que está sumariamente vinculado à crença do que é tido como verdadeiro?
O sentido real do que é filosofia, e em especial o da filosofia universitária, não pode recair sob conceitos ajuizados e da posse das proposições filosóficas ao longo da história tidas como certas em nosso juízo. Mas é claro que isso é uma sugestão acadêmica e não mandatória.
Até que ponto de fato estamos “filtrando” as crenças verdadeiras sem nossos juízos de lado? Não saborearíamos certo vislumbre da complexidade da filosofia se ao menos deixássemos nossos juízos momentaneamente de lado?
A filosofia deve ser uma reflexão sistemática, e não “um por todos e todos por um”. Análogo a um viés democrático, é salutar que possamos abraçar conceitos diversos com a suspensão dos juízos e que os mesmos conceitos possam gerar a escala dialética ascendente de acordo com os seus antagonismos. Se então temos uma indissolúvel crença em um viés exclusivista, o filosofar no sentido estrito já se corrompeu.
É evidente também que a instituição universitária no ensino de filosofia esteja mais aprumada com sua historicidade e linha do tempo, classificando-a em momentos distintos na historia. Mas também perdemos muito em não fazer uma intertextualidade de todos esses fatos com a contemporaneidade da filosofia, hoje, e seus grandes pensadores, cada vez mais “emblemáticos” ao desafiarem toda a filosofia passada.
Hoje temos problemas filosóficos que também inclui a própria metafísica como pretensa candidata à obliteração, pois o que se apregoa hoje é que, historicamente, essas questões que estão simplesmente fora do escopo da investigação humana sempre exerceu um fascínio sobre os filósofos, e ainda não é compreendido o que se pode obter da existência de uma dimensão metafísica como uma égide sobre um mundo em que fisicamente é onde nossos pensamentos e desejos têm alguma aplicação. Não obstante, no seio da filosofia analítica, hoje, temos uma pesquisa sobre a linguagem.
Propor aqui uma via de exclusão ao terceiro comentário, ou simplesmente abarcar aquilo que vai de acordo com nosso juízo somente seria incorrer de fato ao postulado kantiano de que nossa apreensão de mundo e das idéias passa por uma serie de categorias que a modela de acordo com nossa mente que está aquém de um conhecimento genuíno e certo, e de que nossa razão não é suficiente segura para ajuizar conceitos definitivos como de Deus e mesmo dos dogmas.