sábado, 26 de março de 2011

Nossas bases educacionais não atendem nenhum objetivo - Osvaldo


Bem, um objetivo seria alcançado se a mesma fosse coerente e real segundo nosso contexto social. É também evidente que devemos separar aqui algumas escolas que se projetam, saindo este lamaçal, como expoentes que são impreterivelmente alçados segundo o esforço de uma comunidade, onde o Estado, por sua vez, pouco interfere ou quando muito atrapalha mais com a verborragia dos ditos doutos pedagógicos que seguem os interesses partidários e os seus mesmos.
Diante de tal perspectiva, a de um Estado democrático, seu exercício é lamentável no que diz respeito ao suprimento desta necessidade básica, e por assim dizer, não vejo hoje uma escola melhor do que a do meu tempo de estudo, onde o professor tinha um papel não somente de instrutor, mas também de formador de opiniões, e isto em um Estado muito precário, recém saído de uma ditadura em que o ensino também havia sido sucateado. Pra se pensar...
Hoje o que vemos no ensino são várias confluências de forças díspares que se repelem, onde entram o papel do professor, do Estado, dos pedagogos que também pouco ajudam, da falta de identidade do novo professor e sua precária formação, e tudo isso como em uma torre de babel em que uma predominante e eficaz comunicação é inexistente, quase que alçando nossa educação a um nível de utopia no que tange suas soluções, dado esta problemática que se tornou endêmica.
Propostas temos aos montes, nem um versado e douto pedagogo necessitamos ser, no entanto o caminho para chegarmos até lá é árduo, e eu particularmente conheci alguns professores que deixaram cair a bandeira da ideologia rumo a uma solução dos problemas da educação.
Por certo um discurso poliano aqui é bem cabível aos esfuziantes que alardeiam o contrário daquilo que não sentiram” in loco” , e para seu maior agravo um balizador que outrora se chamava “avaliação” esvaneceu-se na hilariante viagem que tomou nossa educação ao longo daquilo que se chama um Estado democrático.
Creio que não é somente senso comum, no que tange os pais e responsáveis frente seus filhos na escola, como uma questão de lógica e prudência a necessidade de avaliações, mas aqui não poderemos considerar uma questão de lógica que abranja todas as instâncias sociais, pois a mesma é ininteligível para muitos pedagogos, ao menos aqueles que se debruçam sobre os mantos de autoridades governamentais em ritmo de petitórios próprios, e dos que pensam em educação “para inglês ver”.
Oras, se não há uma base sólida para se avaliar, não há portanto o que ser avaliado, estrutura esta que fomenta os interesses de projeções internacionais que visam apenas o capitalismo selvagem, esquecendo-se da pessoa humana.
Há vários quesitos que circundam um processo avaliativo, para citar um, é o da própria qualidade de ensino da instituição que tem em seu bojo nada mais nada menos que indivíduos em seu processo de formação, em todos os níveis, pois a escola hoje é somente reflexo do mesmo, e não uma instância “outra” que não daquele mesmo universo já conhecido pelo aluno.
As ótimas escolas privadas, nas mãos de quem detêm muito dinheiro para o custeio, ao analisar uma posição em uma prova não muito herculeamente elaborada, e ao averiguar sua posição no ranking nacional, irá para o próximo ano fomentar promoções no seu ensino de modo que possa obter melhor colocação.
Devo salientar aqui duas coisas, primeiro: São Paulo é vergonhosamente ficado para trás de escolas do norte e nordeste, e até do Rio de Janeiro, e aqui não á conotação pejorativa, apenas estranho o modo da mais rica federação conduzir seu ensino e forma de avaliação; segundo: Se verificarmos os procedimentos das escolas “exemplo”, todo instante há simulados e avaliações que situam o aluno verdadeiramente de acordo com sua absorção e rendimento escolar.
Não obstante, isto também denota uma proximidade maior entre aluno e professor/instituição, no que diz respeito à avaliação e seus desdobramentos posteriores.
Não é preciso dizer mais nada, pois aqui neste debate todos expuseram a realidade e as necessidades de nossa educação nacional .

sexta-feira, 11 de março de 2011

Quando o humanismo se transforma no “desumano” - Osvaldo


Penso que a erudição da filosofia e sua linearidade às vezes se perdem nos fatos e se situam apenas em maior grandeza nos solavancos entre épocas e em sua tensão dialética de períodos, quando um tenta ser melhor que o outro. No entanto, assim como o positivismo foi outrora algo “promissor”, esta mesma tensão dialética não aponta para o futuro sinais de melhorias no ser humano quando o mesmo preserva ainda instintos “medievais” e um inexorável desejo de sobrepujar as emoções através da razão.
Por assim dizer, notamos cada vez mais uma sociedade advinda de um movimento que por sua vez, novamente, era a bola da vez nesta “dialética”: o renascimento.
É obvio que aqui devemos usar aspas para muitas questões perpetradas durante o período medieval, de forma substancial àquelas relacionadas ao poder das instituições e do uso das questões “divinas” ao bel prazer de seus fins.
Oras, por mais extenso que seja este assunto, e por mais extenuante que seja suas nuanças, qual seria de fato a régua para a medição da melhoria do homem enquanto individuo? Talvez neste processo apenas pulamos de uma extremidade para a outra: o “Egocentrismo”, a individualização, a falta de noção de alteridade e a cada vez mais crescente perda de identidade mediante a virtualidade (lê-se virtualidade aqui, ipsis litteris, no sentido de uma consciência que não a minha, a verdadeira perda do sujeito cognoscente).
Penso que não há muita diferença entre um advento “medieval”, no que tange o homem olhar dentro de si mesmo, para nosso momento atual onde prevalece um niilismo provindo da saturação do conhecimento, o homem prestes a “explodir”.
Isto é um simulacro, uma realidade “virtual”, é o fato da ciência, como a praticamos hoje, seja possível prova de que os instintos elementares que protegem a vida deixaram de funcionar. Talvez qualquer verdade que ameaça a vida não é uma verdade. É um erro.
O império da razão instrumental e seus desdobramentos é um verniz social apenas, isto gera otimismo. Sua insistência na forma, na beleza visual e na compreensão racional ajuda a fortificar-nos contra o terror de nossas emoções , e contra o frenesi irracional que elas produzem.
Por fim, gostaria de citar Nietzsche , quando ele recorda a velha lenda na qual o rei Midas procura Sileno, o companheiro constante de Dionísio, e lhe pergunta: “qual a maior felicidade do homem?” O demônio permanece mal humorado e sem se comunicar, até que finalmente, forçado pelo rei, solta um riso agudo:

“Patife efêmero, nascido por acidente e trabalho árduo, por que me obrigas a dizer-te que seria tua maior benção não ouvir? o que seria melhor para você está fora de seu alcance: não ter nascido, não ser nada, mas a segunda melhor coisa é morrer cedo”.

Bem, de fato , se perceberem,isto é uma alusão à obliteração contemporânea do homem para consigo mesmo, e já que usei esta lenda recobrada por Nietzsche em sua filosofia, finalizo dizendo que a cultura helênica apenas suportou essas terríveis verdades com a ajuda de outro deus: Apolo, que nada mais é do que a razão sobrepujando as emoções.
Penso que há de fato apenas uma tênue linha que separa o homem atual de seu antepassado mais primitivo, e por certo a pretensa erudição que o pensamento ocidental proporciona, no que tange sua racionalidade, não é o cerne para as questões mais humanitárias enquanto homem e sua alteridade, e espelho existencial.