sábado, 1 de maio de 2010

Da subjetividade endêmica do "mal" social (Osvaldo)


Pressupor apenas a “negatividade” que contém em cada um de nós como causa de todas as idiossincrasias do homem é um reducionismo ontológico.
O que é a fé que as religiões nos exigem? Nietzsche responde a essa pergunta com um exemplo de Pascal, cuja crença religiosa impôs severas restrições no escopo de seu trabalho intelectual.
Pascal dizia que o homem, de forma confusa, era condenado pela própria razão, com a qual alegam terem refutado a sua “religiosidade” (ou talvez aqui apenas “religião”).
Mas Nietzsche refuta este pressuposto, dizendo que este tipo de fé parece, de uma maneira terrível, um prolongado suicídio da razão.
Se pensarmos na maioria das doutrinas que se inserem em um escopo “cristão”, veremos desde sempre o sacrifício de toda liberdade, todo o “orgulho” produtivo, toda a autoconfiança do espírito (há de se compreender aqui que “espírito” toma uma conotação meramente filosófica), e ao mesmo tempo escravidão e auto-escárnio, automutilação. (Palavras de Nietzsche, não minhas).
O filosofo dinamarquês Kierkegaard (cristão) chamou a fé de “divina loucura”, um “absurdo” que requeria um “salto” sobre nossa capacidade de raciocínio. Ele dizia que uma condição na qual “nenhum desespero” existe é também uma forma de acreditar; o eu está transparentemente ligado ao poder que o constitui.
Nietzsche martela novamente dizendo que isto é auto-sacrifício, outra vez, neste caso para salvar o espírito do desespero.
Bem, o que eu quero dizer com isto é muito simples; que teorias que fogem do escopo de investigação humana não trarão nenhum tipo de alento para a formulação de uma sociedade melhor, tampouco se for direcionada sob os auspícios de uma cartilha recheada de moral imposta. Penso que dentro do que pressupõe sua alteridade, o homem pode ser capaz de “resolver” suas demandas com o bom uso da razão.
Aqui não faço critica a toda forma de religiosidade, mesmo porque eu acredito em Deus, mas pensarmos que “devemos” prestar contas com o Criador, pois sendo Sua criação devemos analogamente ser “perfeitos”, dentro de uma vasta “contingência” ontológica, é no mínimo uma relação “esquizofrênica” de Deus para com sua prole e vice vera.
As cartilhas sociais estão aí, repletas de balizadores ético-morais advindos destas instituições em nome de Deus. Nenhuma delas deu certo.
É chegada a hora de um “humanocentrismo”, um novo iluminismo que traga à luz da compreensão não o homem focado em si mesmo, mas nas questões humanísticas que todos somos capazes de exercer para com nosso outrem. Talvez os velhos moldes sociológicos estejam defasados, pois há o “dedo” de muitos interesses coercitivos em ralação aos mais incautos.

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