quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Da música como arte que transcende (Osvaldo)


Schopenhauer e a música, que eu tanto gosto. Os méritos vão para ele nessas afirmativas quando o mesmo a elucida como uma via de atenuar a "vontade", e sem sombra de duvida o mérito de expor a música como uma das mais importantes das artes e seu efeito sobre o homem é dele.
Nietzche recorda a velha lenda na qual o rei Midas procura Sileno, o companheiro constante de Dionísio, e lhe pergunta: "Qual é a maior felicidade do homem?" O demônio permanece mal-humorado e sem se comunicar, até que finalmente, forçado pelo rei, solta um riso agudo e diz:
"Patife efêmero, nascido por acidente e trabalho árduo, por que me obrigas a dizer-te o que seria tua maior benção não ouvir? O que seria melhor para você está bem fora de seu alcance: não ter nascido, não ser, ser"nada". Mas a segunda melhor coisa é morrer cedo!"
Como a cultura helênica suportou essas terríveis verdades? Com a ajuda de outro deus: Apolo.
Apolo, o Sol, deus da ordem e da razão, incorporado no sonho da ilusão, representa o homem civilizado. O culto apolíneo gera otimismo.
Sua insistência na forma, na beleza visual e na compreensão racional ajuda a fortificar-nos contra o terror dionisíaco e o frenesi irracional que ele produz.
Para serem capazes de viver os gregos deviam colocar diante de si mesmos a brilhante fantasia do Olimpo, com Apolo como seu maior deus. Autocontrole, autoconhecimento e moderação: o caminho do meio de Aristóteles.
Nietzche pergunta então que efeito estético é produzido quando as forças da arte e apolínea e dionisíaca, usualmente separadas, são forçadas a trabalhar lado a lado. Ou para dize-lo de forma mais precisa, em que relação a música se coloca frente à imagem e ao conceito.
A melhor resposta estaria com Schopenhauer:
"a musica se diferencia de todas as outras artes pelo fato de que não é uma copia do fenômeno, mas uma copia direta da própria vontade."
Ainda ao meu ver coadunando com Schopenhauer, Nietzche diz que a arte dionisíaca, portanto, afeta o talento apolíneo de uma maneira dupla. Primeiro, a musica nos incita a uma intuição simbólica do espírito dionisíaco, em segundo lugar, dá aquela imagem de significação suprema.
O espírito dionisíaco na musica nos faz entender que tudo que nasce deve ser preparado para enfrentar sua dolorosa dissolução. Ele nos força a olhar fixamente o horror da existência individual, porém sem sermos transformados em pedra pela visão.

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