segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Da moral provisória em Descartes- Osvaldo


A saber, Descartes foi um dos primeiros filósofos a querer ir descobrir como era dado este relativismo afora “in loco”. Para tal ele não tratou como Kant de uma moral universal, ou seja, um “imperativo categórico” provindo ainda da razão.
Ao se juntar às tropas de Mauricio de Nassau, assim como em outras aventuras, estas foram dadas apenas pelo desejo de Descartes de descobrir o mundo afora, e dentro desta relatividade de costumes e culturas ele propõe que a moral seja apenas “provisória”, ou seja, que cada cultura em particular não necessariamente atenda a uma categoria universal, mas sim a de seu devido contexto e possibilidades. Mesmo assim isso não pode fugir daquilo que pode ser conhecido de forma universal a todos os homens, pois a razão é de igual forma distribuída a todos. Se fazem bom uso disto ou não já é um outro debate.
Oras, como poderia isto se possível se o próprio Descartes combatia o relativismo? Pelo fato que sua procura “universal” estava na questão do conhecimento, das ciências, e não se alguém que é polígamo em alguma parte do oriente se faz menos “humano” do que um ocidental monogâmico. Mesmo porque políticas e sociedade estão fora do escopo epistemológico cartesiano. O que mais vai além disso em Descartes é seu argumento ontológico para a existência de Deus, e este nada a ver com teologia ou doutrinas., mas ainda dentro de um âmbito do conhecimento, subjetividade, idéias inatas, e lógica.
A saber, o viés atual de racionalismo em nossa sociedade, é do modelo cartesiano, embora não muito seguido ao pé da letra, portanto ele não é em “desuso” . O que acontece é que racionalismo hoje abre um debate muito amplo em filosofia, como filosofia da mente, neurociência, lógica pura, filosofia da linguagem e outros,. Todos advindos do grande abalo nas estruturas do pensar a partir da “elevação” do sujeito proporcionado por Descartes. Sem contar que a psicologia e a fenomenologia estão ambas atreladas a ele.
Aqui vai uma opinião própria minha, pois penso que em filosofia jamais filósofo algum abalou estruturas de forma tão radical e que prevalecesse. Nem Marx, nem Nietzsche. Pois Descartes mergulhou dentro de nada mais nada menos do que as fundações profundas do conhecimento. Este que nenhuma das outras ciências a não ser a filosofia e a metafísica pode alcançar.
Apenas o ceticismo pode abalar estas estruturas. E isto é filosófico. E como pediria Descartes, que venha o ceticismo! Mas que ele seja feito com rigor, método, e alcance os fundamentos que o próprio cético não pode negar: de sua subjetividade! Senão tudo não passa de um grande sonho, em que estamos perdidos numa floresta sem saída.

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