A filosofia é uma atitude mediante a existência...
...não se abalem com quem venha a denegrir a atitude de questionar, de estudar, de se tornar mais inteligente, de ampliar seus horizontes, de se abraçar a multiplicidade, de tudo poder pensar, em se tornar mais coerente, de livrar-se do senso comum...a atitude racional da filosofia nada tem em semelhança com o racional instrumental...talvez você seja lançado à margem...se torne um "outsider"...seja persona non grata...mas a filosofia inebria tal qual o ópio ao defrontar-se com os mistérios do universo...liberdade...libertação...quanto mais alto se escala, menores parecem as coisas lá embaixo...
Citando Hegel, não existe algo que seja impossível de ser pensado.
Assim, ele afirma que “o real é racional e o racional é real”.
Não é possível separar o mundo do sujeito, o objeto, e o conhecimento, o universo, e o particular. Em outras palavras, não há nenhum conhecimento natural ou espiritual que não seja alcançável pela razão.
A razão não é, portanto, um conhecimento das contingências, das particularidades, ou da subjetividade, mas é o meio pelo qual é possível compreender as essências das coisas.
Ao definir o real como absoluto, Hegel estabelece que nada é exterior ao real, sobretudo o pensamento, pois o Espírito Absoluto pode ser denominado como a identidade eternamente em si, uma vez que Ele conhece por Si Mesmo. Além disso a substância infinita é una e universal, e de nossa subjetividade também provém tal.
Ter fé para muitos, por exemplo, está diretamente relacionado com o fato de nos posicionarmos lateralmente a nós mesmo como chave de acesso, ou da incapacidade da razão de se atingir tal objeto. Lamentavelmente, neste contexto, o objeto em distorção (a pessoa em segundo plano, ignorando a razão) não será condizente com a fuga de si mesmo ao passo que você é real em relação imediata com o mundo e o universo que lhe contém.
Nunca se pode, como diria Sartre, pegar o tempo pelo rabo, e o "você" que se apresenta fenomenológicamente agora, é real, é espelho da criação que também é perfeita em sua plenitude...mas há um porém, acreditamos que o melhor de nós deve estar vagando por aí num espaço infinito...pode até ser, mas vamos mergulhar no agora.
Sim, o agora não é desprezível. Qual é? Vais virar agostiniano ao citar o Mal Ontológico? A criatura criticando a Criação, colocando defeito em sua produção? O complexo de Frankestein?
Ops...acho que isto gera problemas não? E se você faz parte daquele projeto de Deus no qual Ele particularmente O Experimenta? Tal qual você é? Um momento...tá confuso isso tudo? Seja bem vindo à filosofia, uma atitude para os não preguiçosos e para os que gostam de pensar...não se ensina filosofar...se aprende a filosofar!
E assim caminha a humanidade, atrelando-se somente às "fotos" fragmentadas de um tema na forma que lhe convém, não aberto ao todo, às pluralidades que lidam com o mesmo tema, tampouco lidando com aspectos fenomenológicos distintos de cada espírito (nota-se que em filosofia a palavra espírito se refere a um ente, neste caso o homem, e para Hegel há também a alusão do Espírito Absoluto).
É duvidoso o fato de se compartimentar um “ser real” de outros seres “ocultos” como em um esconde- esconde. Todo fenômeno apresentável é real.
O real efetivo, para Hegel, está na unidade entre a essência e a existência, entre o interior e o exterior, em uma relação dialética. Essa dialética é a própria forma como as coisas se desenvolvem. A dialética mostra como as ideias contraditórias dependem uma da outra e estão constantemente em atrito.
Em contraponto podemos citar Platão, o platonismo, a busca platônica das formas perfeitas que não estão aqui, o mundo das ideias perfeitas, porém não nos esqueçamos que Platão “resgatou” uma deidade: O Demiurgo. Este que está longe da ideia de perfeição divina.
Notoriamente em minha predileta incursão de paralelismos filosóficos e linhas de tempo, dizem grandes e honestos espiritualistas que você leva daqui, desta vida, exatamente o que você é, em razão e consciência, para a decepção de vários agentes que denigrem o racional, ou mesmo aqueles que confundem o racional filosófico com o racional instrumental.
Cito também para o infortúnio de muitos, que os grandes racionalistas da filosofia foram crentes em Deus, e como em um golpe final, cito Espinoza quando menciona o panteísmo, não como se interpreta hoje, porem “Deus siv natura”(Deus ou a Natureza), que encontra similaridades na teoria unificada e mesmo no “Big Bang”.
Ainda para horror dos puristas teológicos ou de todos que compartimentam a ação humana, segundo Espinoza Deus engloba tudo e tudo é seu reflexo...aí, você vai separar o jogo do trigo agora? Quem verdadeiramente entendeu o recado de Espinoza, que segundo Einstein, é sua verdadeira interpretação para Deus? Para mim ao menos é algo muito coerente.
Isto posto, todos nós possuímos fortes convicções, e outra vez aqui valho-me da alegoria da caverna de Platão e as sombras projetadas e distorcidas na parede de nossa consciência, mesmo nos âmbitos teológicos ou da teologia de si próprio, de uma ideação comunitária, interpelada por um único interlocutor, dos aspectos divinos acerca da existência de tudo e de si mesmo ainda de acordo com um único ponto de vista.
Quem ousaria debater, neste terreno fértil, um sincretismo religioso por exemplo? Não, fora dos grandes sistemas religiosos, grupos menores tendem a usar esta "intermediação" divina de acordo com sua vontade e própria interpretação do mundo sob a égide de suas próprias experiências. Mas quem faz a opção de sair dos grandes feitos dogmáticos instituídos, almeja ter sua voz não mais obliterada e apagada.
Há um imenso desejo de exposição de seus fenômenos internos e externos, não mais cerceados por dogmas ou explanações das várias camadas da cebola que encobrem cada espírito, na forma de um platonismo como quando projetar a si mesmo, de novo, e novamente, à uma ideação que o leva o tempo todo para fora deste mundo e compartimenta vários pedacinhos do teu ser.
Qual a relação imediata, aqui e agora, de nós conosco mesmo? Sem os filtros exploratórios do subconsciente? Por certo as disciplinas psicológicas são de grande utilidade (metodologicamente e nas mãos corretas), porém não nos esqueçamos que estas próprias disciplinas sempre almejaram tornarem-se em ciência, tal qual o positivismo.
Raros são os indivíduos que enveredam à procura de suas próprias respostas sem intermediações, seja por conformismo, seja por medo, ou seja também pelo peso da influência gerada por quem afirma deter o conhecimento ou o caminho para se atingir a “luz” nesta senda metafísica.
Paradoxalmente, à parte dos grandes sistemas deterministas e dogmáticos religiosos existentes, as micro organizações que proferem o não pertence às estas macro instituições, também incorrem nos mesmos padrões dogmáticos e sufocantes daquelas macros.
Na maioria das vezes para estes grupos menores, há sempre um furor, em grande parte social ou de um "romantismo com causa justa", em denegrir as instituições maiores atribuindo-lhes a alcunha do medievalismo que fora e ainda são existentes, ou dos grilhões que acorrentam o tão almejado processo de iluminismo sobre estas questões.
Sim, isto é uma verdade a partir do ponto de vista de análise e independência sobre tais temas, da tomada do antropocentrismo, porém certas bases muito sólidas se repetem, camufladas ou inconsciente, aos que bradam ataques a grandes sistemas religiosos, copiando-os.
A começar, nota-se que os discursos dos “pescadores de homens” seguem, lembrando aqui de Schopenhauer , de acordo com seu próprio mundo como vontade e representação, não existindo a possibilidade do terceiro excluído e ainda não se dando conta em seus discursos do princípio da não contradição.
Isto se valerá também pelo simples fato de que menores sistematizações referente ao sagrado carecem de maiores estudos sobre sua liturgia original, do ponto de vista não pessoal, no que concerne algo comunitário. Caso contrário, se o homem que possui sua liberdade como direito intransferível, não necessitaria do pertence à comunidades que vão contra sua independência de pensar, viver, e optar por Deus como multilateral e plural.
Partindo-se destes pressupostos, tais discursos metafísicos de cunho individual transferidos à comunidade, esbarram-se com conceitos de princípios da não contradição e mesmo do terceiro excluído, como já mencionado anteriormente, e em se tratando de assuntos como "interpretar" Deus e Lança-lo à comunidade de forma dogmática não condiz sequer com aquilo que poderia ser diferente dos grandes sistemas religiosos. A experiência em absoluto não advém de um indivíduo apenas em se tratando de comunidade. As experiências devem se somar, o diálogo deve ser aberto, a dialética deve se tornar sempre ascendente, ceifando a promoção à autofagia!
Oras, pretendendo-se sair do âmbito das grandes sistematizações que falam em nome de Deus, o princípio da não contradição jaz justamente em pretender inculcar em seu “rebanho” muito daquilo que o próprio líder espiritual “pequeno” tem ojeriza: doutrinar!
Partindo-se do princípio que estas menores sociedades possuem um credo em si mesmas, mas contrapondo-se à ideia de dogmatismo, é preocupante o fato do líder elaborar seu bojo de interlocução “pedagógica” a partir de suas próprias vivências ou daquilo que constantemente suas emoções atribuem, em última instancia valendo-se de sua cátedra, ipsis-litteris: cá fui posto,“Roma locuta causa finita!”.
Entretanto sua cátedra é seu mundo interno, sua visão peculiar de mundo, gerando o que fora citado acima acerca da dialética de contraposições a quem levantar o dedo para uma indagação ou expor o princípio do não contraditório!!!
Sim! Citar o princípio do não contraditório é bom, tira a gente daquela vertiginosa circularidade.
A filosofia não tem a pretensão de denegrir ou de forma famígera contrapor-se aos movimentos esparsos das menores comunidades que visam o iluminismo mesmo em se tratando de espiritualidade. Claro que existem várias escolas dentro da própria filosofia que voam para o materialismo ou mesmo ao ateísmo, entretanto a própria origem do ceticismo filosófico não se dá conforme sua variação ao longo dos tempos.
Para aqui podermos fazer um voo rasante sobre o tema ceticismo filosófico em sua origem, imaginaremos apenas que, antes de acreditar piamente em algo, tome um fôlego, reflita, e concatene se minimamente discursos humanos de forma geral não se contradizem, e neste caso aqui, dos interlocutores “divinos”.
Já permeando no âmbito metafísico e neste caso diferentemente do que propõe a metafísica filosófica, mas já tendo pego emprestado o termo em si, gostaria de citar madame Blavatsky: “Não há religião mais elevada que a verdade”, ao mesmo tempo que ela cita um antigo filósofo: “É preciso estudar para conhecer, conhecer para compreender, compreender para julgar.”
Como possivelmente nada há que a filosofia já possa ter questionado, é obvio que você indagará: “Mas portanto o que é a verdade?. A filosofia não quer lhe dar respostas, mas que você faça as perguntas certas, e a citação de Blavasty, para o bom entendedor, basta!
Muitos de nós precisamos de alicerces na vida, dos mistérios, da fé, do mundo mágico...a imaginação nos leva mais longe...mas podemos também ser agentes de, dialeticamente, e de forma ascendente, colocar luz onde é necessário, e nos esquivarmos da ideia de que somos incapazes para tal, ou que somente depois de vários açoites ou flagelação do próprio espírito é que seremos capazes de compreender a verdadeira relação com Deus.
Denota-se acima, para além de disfarçados dogmatismos como abordados anteriormente, também certo maniqueísmo, novamente nos conduzindo àquelas instituições que muitos deploram.
Não seria mais justo, como diria Wittgeinstein, afirmar “daquilo que não sabemos é melhor não dizer nada?" Prioritariamente em se tratando de visão de mundo particular aspergida como linha de condução ao inconsciente de uma coletividade?
As formas dos bolos não são todas iguais. São perfeitamente iguais no mundo das ideias de Platão....esta busca da forma perfeita e os devaneios sobre ela não é para agora, para este momento...ela pode ser infinitamente distante, e dar tiros somente de calibre 38 não significará abater o bicho que requeira maior calibre agora, como alusão.
Talvez o infortúnio de líderes espirituais seja a orientação de se obter conhecimento, este que vem a se tornar futuramente adverso, adversário...o anjo caído, e também caído no dissabor de questionamentos que contrapõem formas micros de dogmatismos.
Não basta dizer que estas linhas escritas fogem do embate oral seja com quem for, elas meramente sugerem que pare, pense, reflita, coloque-se na terceira pessoa, não esbraveje, tenha sua fé, mas seja liberto, pertença a si mesmo!
Não obstante, muitos destes interlocutores enveredam diretamente para o interior de seus postulantes e adeptos na pretensão de qualificar-se nas disciplinas analíticas e psicológicas, e o que é pior, a partir de uma visão de mundo própria que aniquila toda e qualquer possibilidade do pluralismo, do relativismo, da percepção de alteridade quanto à mundos interiores distintos, ou seja, o dogmatismo torna-se um perigo aqui quando em se tratando de observar mundos internos como uma forma de bolo simétrica para todos, se esquivando das assimetrias individuais, não havendo metodologia, cavando os fantasmas alheios, jogando-os contra seus próprios abismos, e esquecendo-se de que, como diria Nietzsche, ao olhar para o abismo, o abismo olha de volta para si mesmo.
Mas é preciso ter asas para sobrevoar tal abismo, e talvez aqui somente um ótimo terapeuta, metodologicamente, possa lhe auxiliar. E neste sentido me apoio na escusação para evitar licenças poéticas ou frases de efeitos...não aqui, não agora, ao menos uma vez sequer.
Sim, talvez para você isto não seja tão impactante.
Então você deixou de olhar para tua alteridade, ou mesmo como diria Kant em sua batalha pessoal para estabelecer uma ética: ...”de maneira que isto possa servir para todas as pessoas”...mas cuidado ao interpretar isto como uma circularidade, o campo da ética kantiana vai ser traduzida em especial na comportamental.
Como você pode saber o que é melhor para cada um no aspecto inconsciente? Tudo serve para todos? Sim, muitas coisas, mas novamente o aspecto de alteridade é aqui esquecido neste sentido “stricto sensu”: a individualidade, a pluralidade, o relativismo...e neste apagão de nossa consciência, no mergulho de nossa autofagia, derivam várias formas "lato sensu" de amplitude do tema de forma equivocada, sempre esbarrando no ego pessoal, meu mundo, meu jeito, minha solidão...oh, pobre de mim!!!
Oras, então joga-se as sementes ao vento e as captam e as cultivem quem assim desejar? Pouco altruísta isto não acha? Na verdade o tiro está saindo pela culatra. Você cada vez mais pensa no self...self...self...e...self...eu ...eu ...eu...ao ponto de muitas vezes só querer “não ser você mesmo” (você, que segundo o Deus de Espinoza, faz parte do todo, tão lindamente como tudo que existe). E logo em seguida o argumento "ad hominem", no qual se usa as próprias palavras de quem contesta dogmas enrustidos, será usado pelo descontentamento de que retém a "verdade", a sua verdade!!!
Este embotamento circular e repetitivo gera um movimento de questionamentos para ascender nesta espiral dialética, mas que são igualmente abafados pelo medo, pela história individual, pelo sentimento de culpa, de obrigação por estar devendo algo para Deus, por medo do sacerdote...pelo sentimento de que só se pode ser feliz neste enquadramento. Quem já colocou o pescoço de fora ao menos uma vez?
Tudo se resume ,é claro, em nos tornarmos pessoas melhores com nós mesmos, com ciência abrangente de nossa humanidade e alteridade, mas não estamos aqui para fazer um curso para nos tornarmos deuses de um dia para o outro. Isto gera ansiedade, conflitos, e mais conflitos internos, querendo dar o passo maior que a perna sempre...e aquelas asas para sobrevoar? Já se despontaram os ínfimos penachos nas suas costas?
Você não precisa reencarnar mil vidas para poder fazer algo de bom. Você imagina não ser digno de tantas coisas por sua etapa atual de evolução. E se você estiver preso à uma ilusão de que é o que é pois assim foi dito ou você tem como diletantismo esta simbiose determinista?
Já diria Nietzsche que a força do opressor é a de manter o homem longe de si agora, promovendo-o a sistematicamente ignorar sua existência aqui, agora, e somente visar os deleites de uma vida sem sofrimento após sua morte, em santidade nesta vida.
Não, não é a forma como Espinoza foi execrado da sinagoga por defender um Deus que a tudo e todos contém, e que quanto mais se compreende Deus neste horizonte, mais locupleto de si e menos compartimentado te tornas.
Se crês em Deus, o Deus de Espinoza, o Deus "descolado", saberás que o côncavo e o convexo se originam da mesma fonte, maravilhosamente.
Mas não, acho que muitos preferem, apesar do discurso progressista, um Deus que te diz: errado, alto, pare, ouça, veja, baixo, macho, filhos, casar, não separar, homem, mulher, castigo, feio, crime, pecado, sua culpa, incrédulo, incapaz, precisa crer em mim,você é medroso, não gozar, não ejacular, não trepar, mantenha o casamento infeliz, seja exemplo de altruísmo com o que te entristece, etc, etc, e tal.
Gosto de citar sempre Descartes, como todos aqui sabem, para certa "dúvida metodológica": que tal implodir todo este edifício de conhecimento torpe, distorcido, e galgar desde seu novo alicerce um novo conhecimento? Talvez neste momento suas asas comecem a tomar forma para voar.
A filosofia pode lhe fornecer asas para voar sobre este abismo, pois a nós foi imputado o fato de que meter mão na cumbuca escura de nosso ser, aprioristicamente, em primeiro plano, será nossa tábua de salvação. Inversamente, a filosofia nos expõe as questões em âmbitos antropológicos, sociológicos, metafísicos, e nos faz pensar para além de nós mesmos. Muitos querem que nós permaneçamos acorrentados naquilo em que não sabemos de nós mesmos e sempre desta forma nos colocando longe de Deus como Criador e criatura, como em um autorepúdio, repudiando a Deus, portanto.
"Somos insignificantes demais e pretensiosos demais para sermos nós, homens, à imagem e semelhança de Deus"....quantas vezes já não ouvimos isto? Seja qual for a religião? Ou no caso o interlocutor? Oras bolas, valendo-se aqui do princípio da não contradição, não seria justamente isto o que as esferas que destoam do cristianismo medieval procuram? Não seria justamente o oposto a isto o que os grandes sistemas herméticos, mesmo anteriormente à filosofia ocidental apregoavam aos seu neófitos?
O "assombro filosófico"se dá justamente quando estas contraposições dialéticas se inauguram, dente milhares de outras dentro de um discurso, aqui sim, vergonhosamente assegurado de ser a realidade dos fatos de formas que contenham verossimilhança peculiarmente particular aos interlocutores e o descarte das outras mentes pensantes para compor um bojo de multiplicidade, dos fenômenos individuais que são abafados, de se perguntar como seu semelhante observa e compõe Deus em seu imaginário. É a tua religião a mais correta? A mais próxima de Deus?
Sim! Claro, a resposta pode ser naturalmente afirmativa a seu bem estar. Porem quantas foram as vezes em que você temeu perguntar, duvidar, pedir vênia para que juntasse peças de um quebra-cabeça não muito claro dentro de você? Algo que lhe fora internamente conflituoso mas por temor ou por credo passou pela ignorância de focar a luz neste ponto escuro? Muitas vezes é mais necessário compreender para crer, e do que não se sabe é melhor nada dogmatizar!
Ainda neste aspecto citado, temos sempre a noção que para saírmos de tal inércia espiritual e achar o Santo Graal da perfeição, necessitamos de grandes projetos e mergulhos em escafandros internos...mas como? Há apenas retórica ou método? Há apenas palavras circunscritas em suas terminologias estanques que compõem nossa linguagem como nosso mundo ou há uma transposição para além do mundo dos signos e da linguagem?
E o fenômeno que se brota mediante de nós? Ignorados, postos de lado por haver uma retórica adjacente aos mesmos?
Ao que me parece, e esta questão é muito discutida em filosofia, este terreno se assemelha muito a um homem cego, dentro de um quarto escuro, em busca de um gato preto que não está lá. Ah não, autofagia novamente...dê um passo para fora.
Ao imaginar o universo e sua infinidade se imagina diversas possibilidades que contrapõem, novamente, o discurso de self...self...self...eu...eu...eu..., isto lhe torna somente esta pessoa, sempre esta pessoa. AUTOFAGIA!!!
A grande confusão que se faz em filosofia, por sua atividade racional, é que ela tem a pretensão de se tudo duvidar. Ledo engano. Pondere, por exemplo, se questões éticas cunhadas em religiões deram certo, para além da ética do oprimido.
Inexoravelmente, a ética só encontra balizadores quando dada ao exercício da razão, onde se debruça um ramo da filosofia. E por tentarem deixar a filosofia de lado, ignorá-la, é então quando o homem deixa ser tomado por seu embotamento mental.
Procure estar onde o que você ouve esteja em consonância com teu coração. Seja sim desafiado à melhoria constante, mas também pense, concatene, não permita que lhe abafe sua voz, não abaixe a cabeça e ouse.
Minimamente você será lançado à margem dos anjos caídos (sim, eles possuem asas) ou será bem quisto e bem vindo como agente de adição, e não de divisão. Entenda de uma vez por todas o que é dialética!
Que seja um ambiente de alegria, de mensagens inspiradoras, da promoção também de seus feitos, do reconhecimento de que milimetricamente você esteja avançando, aos trancos e barrancos, caindo e subindo, mas não permita que somente os defeitos humanos sejam massivamente e sistematicamente destacados. Seria o Santo Graal uma fábula? Qual seria o verdadeiro significado da Alquimia em “Solve et Coagula?”
O problema é seu ou é um espelho do interlocutor? No espelho nem tudo refletido é sistematicamente igual a todos, e com isto se perde a verdadeira noção do outro!
Resta-nos saber se, a maior questão de debate entre todos que é a compreensão, o amor, a alteridade, a causa maior, não sucumbirá nos deleites de nossos egos sem respostas mediante o que fora exposto acima.
Que possa portanto o amor, justificado por tantos bradando seus estandartes categóricos, se tornar em seu sentido “stricto sensu” e sobrepor as partes destoantes que se perdem em seu sentido “lato sensu” dos devaneios da palavra.
Para se ter um salto de fé neste abismo, é necessário, se não tiver asas, um colchão para amenizar a dor dos que acreditam seguir seus líderes. Cacetadas e mais cacetadas na sua cabeça ou indicam autoflagelação e certo grau de masoquismo ou de repente é o que deve ser, quem saberá? Cada um na sua, na sua escolha, e todos livres para optarem para o que bem entenderem, sem culpa, sem punições, um momento...sente fisgar alguns penachos nas suas costas nascendo? Voe...voe alto...tenha certeza que não cairá. Mas cair também faz parte! E ninguém precisa gritar na tua cabeça quando você cai...nesta égide, se espera que lhe estenda a mão...a mão!!!
Em última análise, esqueça de tudo isto acima, faça o melhor de si como és, ajude seu próximo de alguma forma e se sinta locupleto de si mesmo. Não pense que foi pouco, para de chorar o tempo todo, deixe de masturbação mental e ponha-se em ação, pois neste momento crucial de pandemia o que menos precisamos é de sermões advindos das camadas inferiores do inferno de Dante!
Eu acredito no homem e seus feitos. Eu acredito que somente nos homens, com a evolução e o bom uso da razão, aliados ao coração, sejam ferramentas no aqui, no agora, de promover mudanças. Pode demorar, e muito mesmo, e se tudo for muito difícil para você entender, apenas interprete que o bem maior está literalmente atrelado ao humanismo e sua alteridade.
Quando o assombro filosófico o encher que questionamentos e conflitos internos, abra-se a ele, e assim como Boécio o fez em seu injusto cárcere por contrapor tal sistema contra o iluminismo, valhe-se da Consolação da Filosofia. Dialogue consigo mesmo e tire suas conclusões. Enfrente todos aqueles que dizem que a filosofia é um atraso, um desperdício, pois estes mandatários temem e muito a filosofia, que é simplesmente um ato de pensar, pensar melhor, e voltando-se aqui no princípio desta postagem...o Racional é real...todo seu pensamento é real...
A filosofia nunca se trata de respostas certas, mas de perguntas certas. De Consolatione Philosohiae.