quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Do conceito de "Moral" (Osvaldo)



Nietzsche no campo da moral da muita margem à interpretação, embora no que se refere às instituições, ele tem grande razão.
Ele é duro com esta questão, e o super homem dele está ainda além de nossa compreensão, conceito que pode deliberadamente se transformar em qualquer coisa "híbrida" ao invés do que o que ele realmente propõe. O homem "nobre" de acordo com o bigode juntaria atributos hoje inadmissíveis na mentalidade da sociedade, seria como algo "contraproducente" para quem prioriza uma moral estipulada e comum a todos.
Neste caso, eu acho interessante a idéia de "compaixão" de Schopenhauer; algo que de fato é praticável e que nos "identifica" com o pesar alheio sem que façamos disto algo como advindo dos "imperativos" de Kant (categórico, moral e prático), determinando este conceito através de axiomas ou pela racionalização de um bem estar a todos de forma recíproca; constatamos que isto não acontece de forma alguma e se transforma em pura falácia. Por outro lado, os que praticam tais virtudes postas aqui no tópico, o fazem, a principio por barganhas imediatas ou até uma ascensão do praticante sobre quem sofre a ação, em qualquer esfera social; ou ainda por um idealismo ou força oriunda de uma escatologia ou promessa final de redenção e indulgências "platônicas".
Embora soe análogo ao pressuposto kantiano acima, Sartre menciona que nossas realizações e projetos devem "englobar" todos, dentro de uma visão humanista que ele atribui ao seu existencialismo, mas diverso de Kant pelo fato do alemão se basear em um conceito fixo, dogmático, dado a incognoscibilidade de sua essência e sob o conceito de "metafísica dos costumes", uma analogia ao termo bíblico "mandamento" e uma ordem da razão; ao passo que o francês admite que este" imperativo" é apreendido fenomenologicamente, dado como é em si mesmo e sem um efeito de ordem "racional" única, que desconsidere suas variantes.
É difícil tratar desta questão em Sartre pelo fato do homem exercer sua própria existência já que não concebe uma essência que o define. Estas questões de virtude, verdade e fraqueza são dadas como de fato se apresentam, pois constituem a percepção imediata de quem as intenciona. Dentre todos os seres, o ser humano é o único responsável por dar sentido e atribuir valores a sua própria existência, somente o homem é capaz de inserir significação a tudo que o rodeia. Dessa forma, a teoria existencialista afirma que o homem não é definível, pois inicialmente não é nada; só posteriormente será alguma coisa e será aquilo que fizer de si mesmo, e isto lançaria, se for de sua escolha, um atributo de valor "alto" quando se refere ao outrem; mesmo porque não somos nós que, apesar da máxima "o inferno são os outros", determinaríamos os passos do outrem; mas ao mesmo tempo temos a "angústia" de nos projetarmos a cada instante nessa alteridade de nuances mil, e muitas das vezes "colidindo" com nossas órbitas.
Neste caso, Sartre tenta mais explicar o porque destas questões do que "lidar" com elas de forma análoga a muitos pensadores antes de Schopenhauer, que tentavam a todo custo estabelecer uma "verdade" acerca destes fatos de uma moral comum a todos.
Eu diria que para Sartre estas questões estão inextricavelmente relacionadas em torno das questões de "liberdade", escolha, ação e responsabilidade.
As outras pessoas são fontes permanentes de contingencias, todas as escolhas de uma pessoa levam à transformação do mundo para que ele se adapte ao seu projeto.
Bem, veja só, cada pessoa tem um projeto diferente, isto é fato, e isto faz com que as pessoas entrem em conflito sempre que estes projetos se sobrepõem. E o francêss não defende, como muitos pensam, o solipsismo. O homem por si só não conhece sua totaldade; só através dos olhos de outras pessoas é que ele consegue se ver como parte do mundo, ou seja, sem a convivencia o homem não pode se perceber por inteiro. E cada pessoa precisa desse reconhecimento. "Por mim mesmo não tenho acesso à minha essência, sou um eterno tornar-me, um vir-a-ser, que nunca se completa", portanto, passo pelo"crivo" dos olhos dos outros para ter acesso a minha essência (note que para Sartre a existencia precede a essência).
É esta convivência que me dá a certeza de estar fazendo as escolhas que desejo. Daí vem a expressão "o inferno são os outros", a saber, embora sejam eles que impossibilitam a concretização de meus projetos, colocando-se sempre no meu caminho, não posso evitar sua convivência. Sem eles o projeto não faria sentido.
Agora, dentro deste bojo existencialista de Sartre, não podemos esquecer que, segundo o francês, ao se assemelhar a um humnismo, ninguém pode se eximir da responsabilidade de seus atos e suas consequências (Quiça assim o fosse em grande escala, principalmente das autoridades), cada um escolhe por si mesmo, através de seu proprio julgamento, baseando sua ação no que julgar melhor. Mas ainda assim há algo a acrescentar: o homem é responsavel poe escolher por si, e para toda a humanidade, o que lhe causa muita angústia; o ser humano tem um compromisso com seu futuro, com as outras pessoas e consigo mesmo.

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