segunda-feira, 31 de maio de 2010

Aquino e Agostinho, uma sandice intelectual - Osvaldo


Autores podem também saber vender seu peixe muito bem ao defender estes doutores da igreja, que ao meu ver mais parecem doutores de "castração mental", mas para mim a primeira regra é duvidar de tudo, ao menos em matéria de conhecimento "induzido".
Quais são os pilares para o surgimento de Aquino e Agostinho.
Após longo período em que crenças se baseavam no torpor dogmático e o renascentismo é instaurado, a resposta da igreja é a escolástica, e seus expoentes são Aquino e Agostino.
Penso que aqui se deve verificar se a autora do comentário que você citou apenas estuda os fatos em si através da mera intencionalidade, seja ela filosófica ou teológica, ou se também há certo proselitismo por parte deste discurso. Nada melhor do que a “desconstrução” da linguagem para nos atermos às verdadeiras “intenções”. Eu fico com o racionalismo. Mas não o racionalismo que se incorre do subproduto das verdades “objetivas” que posteriormente, agregadas, se tornam subjetivas e de senso comum.
Para provarmos que teologia e filosofia são excludentes, precisamos partir de um método. A primeira instância filosófica seria do “questionamento”, ou seja, o que de fato posso conhecer através de meus sentidos ou de minha razão? Portanto o racionalismo posto de forma equilibrada e filosófica tende apenas a nos posicionar em plataformas mais “convincentes” a observar as questões de crédulos sem embasamentos críticos. A saber, podemos contar com a historicidade dos fatos para podermos ruir os pilares de uma teologia que se ergue sob questões de “aprisionamento intelectual”.
Ora, tudo se instaura através de um processo dialético, e deste mesmo processo, resulta a teologia escolástica como forma de perpetuar, embora de forma mais atenuada, o poder da igreja. Como pode haver um bom "consenso" entre a filosofia moderna e pós- moderna , ou estas últimas ao encarar os primados dogmáticos que são diretamente advindos dos pilares escolásticos de Aquino e Agostino, e que são ainda hoje os mesmos pilares que refutam vários experimentos científicos, o uso de preservativos, os diversos gêneros sexuais, o dialogo em torno do aborto, a ciência em torno das células tronco, diálogos ultrapassados em torno de instituições como o casamento, e da obrigatoriedade de ensino religioso nas escolas.
Aqui não valeria dizer que estes teólogos são “independentes” desta instituição. Eles formam o corpo intelectual deste escopo teológico que visou confrontar a modernidade. Percebemos que por fruto de intolerância mediante a falta de ressignificação aos tempos modernos, esta instituição perde cada vez mais seguidores, com a premissa de manter sua “qualidade”.
Não obstante, devemos salientar que a filosofia não é exclusivamente advinda de um “cogito” grego-ocidental, mas sim de uma intertextualidade como ocorria com a Ásia menor antes dos pré-socráticos e , em termos de religiões, bem antes de o pensamento ocidental começar a florescer já tínhamos os sábios conhecimentos dos egípcios, dos animistas africanos, dentre outros. E numa jogada espetacular, após a derrocada da influência helenista no mundo tanto quanto do império romano, ergueu-se o sacro império romano, e a igreja ocupou a lacuna deixada “órfã” nesta historicidade, impondo sua força e seu poder "atemporal".
Os jesuítas nada mais fizeram do que uma expedição de “força” descomunal a catequizar de acordo com onde soprava o vento. Os clerigos inventaram o diabo ao verificar os deuses africanos ou outras deidades pagãs, ressignificou, com Constantino, todo o calendário pagão de sua época para forçosamente instituir o cristianismo.
Bem, feito a grosso modo uma tentativa aqui de tese, antítese e síntese, o que seria da historia da humanidade e de seu curso, doravante, se “Avatares filosóficos" como Descartes, Locke, Hume, Kant, kierkegaard, Nietzsche e outros não viessem à tona com seus novos “modos operandis”? Talvez fossem de fato queimados em nome do santo oficio, o mesmo que inclui no bojo sistemático e doutrinário Aquino e Agostinho.
Metafísica não é teologia. Teologia não é metafísica (ao menos no que se baseia a filosófica).
Dogmas e filosofia são mutuamente excludentes, vide todos os pensadores que pensaram que suas proposições fossem se tornar dogmas, isto se de fato um bom filósofo pensou nesta sandice.
A era da razão tem também suas mazelas, mas estas, como já disse o grande “pai” da modernidade Descartes, é quando conduzida de forma “inadequada”. Portanto viva a filosofia, que é um processo interno de construção e de desconstrução, quebra de paradigmas. Isto ao menos é pretendido do real conceito de filosofar.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Do "Furor Philosophicus" de cada um - Osvaldo


O problema não é a constatação de uma dimensão metafísica ou não, de um dualismo, idealismo platônico ou de uma forma universal. A questão é mais profunda.
O homem se situa numa confluência de forças externas para validar seus fracassos e suas glórias. Logicamente dizendo, se fosse vontade divina a perfeição de todos os seres, eles assim seriam sem titubear. Portanto, façamos aqui uso de um silogismo prático: Somos criados por Deus, Deus é perfeito, portanto nossa realidade é perfeita. Dizer o contrário de uma supremacia toda poderosa e perfeita, inserindo o homem em teorias como o “pecado original” ou de sua inexorável “ incapacidade” frente seu mundo, seria no mínimo um desrespeito a Deus e estaríamos taxando esta relação de esquizofrênica, maniqueísta e sádica.
Segundo Kant, o que distorce a “imagem” e o conceito de que temos da realidade são nossas próprias categorizações mentais. O homem tem a necessidade de impor uma ordem “a priori” transcendental, e esta não “empírica” e portanto não “a posteriori”, de um juízo no qual se torna os balizador de nossas vidas.
A fé e a razão são mutuamente excludentes, isto foi jogada bem elaborada de Agostinho em relação a Platão e o neoplatonismo, e de Aquino em Aristóteles, ao compreender o escolaticismo após a patrística. A fé e os desígnios da igreja precisavam estar “fundamentadas” na razão.
Hoje um discurso meramente “abstrato” não pode ser calçado nos pressupostos da razão. Todo o discurso racionalista que visa explicar Deus chega a uma conclusão bem adversa, sem refutá-lo. Vide Descartes, Spinoza e Leibniz, conhecidos como grandes racionalistas, ou mesmo o diálogo “idealista’ de Hegel, do grande espírito, baseado no racionalismo.
Todos têm uma concepção adversa do que seria este “grande arquiteto do universo”, não obstante, nenhuma delas parte de que Deus seria uma instância anuladora da capacidade que o homem tem de exercer seus ideais humanistas, através da razão. Isto é uma matéria que está em voga, a do antropocentrismo ou mesmo em outras correntes como o “humanocentrismo”.
A fé baseada em âmbitos que descartam a lógica e a racionalidade é apenas um axioma, seria o mesmo quando Copernico pediu ao papa que olhasse através de sua luneta e este imediatamente refutou, dizendo que já tinha suas convicções acerca de tudo. Copérnico estava apenas tentando provar sua teoria do heliocentrismo.
Provar a existência de uma realidade metafísica será impossível, e tendo isto como base, seu oposto pode ser ou não verdadeiro. Ou seja, penso que a questão é esta: o homem ora está inserido em proposições extemporâneas, longe de si, tendo como predileção sua vida pós morte e obliterando esta; ora o homem está inserido num hedonismo capitalista e que oblitera sua própria identidade humana e contingente; ora o homem, sofrendo coerção social, está inserido em um patamar de anulação de seus potenciais criativos e de esquecimento de sua alteridade. Coerção, coerção e mais coerção.
Para quem de fato tem o “furor philosophicus” , todas as proposições na filosofia são passíveis de um encanto meditativo e reflexivo, desde os pré-socráticos até os pós-modernos, pois todos em si encerram uma dialética própria da história do conhecimento, pois toda tentativa de se chegar a uma verdade não seria eficaz se não houvesse várias dúvidas neste caminho. Caso contrário, um curso de filosofia poderia apenas ser dividido em módulos, e um filósofo poderia ser formado apenas com os estudos de alguns pensadores que encerram em suas doutrinas a irrefutabilidade de seu passado ou presente.
Estas indagações são pertinentes ao bom filósofo, de fato.
O princípio da dúvida encerra em nós mesmos a dicotomia do ser, e esta se traduz em "ser ou não ser", como disse o velho camarada.
Penso que o princípio "philosophicus" não está atrelado ao fato de uma plataforma de "sossego" enquanto apenas providencias da razão, mas sim da clareza de um "método", para podermos constituir dentro deste mar vermelho, princípios claros para a aquisição do conhecimento.
A questão epistemológica, ou melhor ainda, de gnosiologia, em filosofia, sempre exerceu a partir da filosofia moderna com os grandes racionalistas, empiristas e mesmo o idealista alemão Kant, um problema em relação ao que podemos "conhecer" de fato. Isto se torna portanto um dos ramos mais "acirrados" na ciência filosófica.
Eu penso que questões de fé não se misturam com a do antropocentrismo ou do humanismo. Isto é dado pelo fato do homem conservar um princípio de maniqueísmo latente, algo sempre avivado e impregnado em nosso "DNA" histórico durante as gerações, e que hoje novamente chega em forma de religiões que fazem vistas grossas aos problemas emergentes em nosso mundo moderno.
Sempre houve e haverá, neste sentido, questões "escatológicas" que obliteram as capacidades natas do homem de sua verdadeira constituição humanísticas e real relação de responsabilidade com sua alteridade. Isto parece ir um pouco contra os princípios de submissão do homem perante o incognoscível, mas ainda em se tratando de metafísicas, não vai contra os princípios de "imanência".
Talvez "viver" seja de fato um dos motores básicos da filosofia, e este está inextricavelmente atrelado a questões sociais e de cunho "gregário", pois de fato as previsões de escatologia poderão ser evidentes se o homem não souber volitar entre sua alteridade, mediante o diferente e também frente os desafios da modernidade. Todo e qualquer pressuposto metafísico, hoje, é feito em função do escapismo do papel de responsabilidade do homem . Talvez o que vemos hoje em termos de sociedade seja a real indiferença do homem em relação a questões de responsabilidade com o outro, pois a ele sempre foi ensinado que a realidade não é esta, e sim outra. E como resultado temos aqueles que enveredaram para a singularidade de suas verdades excludentes, outros para a obliteração do planeta em que vivem, e outros parecem preferir viver como peças de sustento de uma engrenagem de automatismo. Como podemos pensar conhecer algo fora de nós se não conhecemos a nós mesmos? E penso que conhecer a nós mesmo, de antemão, não está cunhado em propostas de "ser ou não ser", mas elas de fato volitam no desespero existencial. Tudo é uma questão de "furor", ou engajamento.

Isso significa que vamos para o inferno, dada a constatação que somos filósofos "desgarrados".
A única coisa que podemos ter certeza é a convicção do ser ou da existência. Basear a vida em pressupostos da conquista de seu estado “alado”, como uma meta final, é apenas uma verdade objetiva, que ao compor com todas as outras verdades, se torna subjetiva.
Qual teoria deve seguir o homem que enaltece a moral religiosa como um meio? Seriam estes meios “praticáveis” mediante a alteridade do ser?
Pois penso que por estas razões temos os mais diversificados problemas de ordem ontológica, a saber, de cada qual querer validar aquilo que nunca chegará perto do humanismo, que é uma linguagem universal e dada à razão humana.
A ociosidade dos indivíduos, seu conformismo e adequação em um sistema que lhe proponha “segurança” é apenas uma obliteração para a aquisição do bom diálogo pertinente a raça humana. Penso que muitos estão um pouco “enfadados” de toda esta carga metafísica como um “meio” de conduta humana. Talvez uma releitura de tudo isto seja viável, mas não é o caso, dado o ponto em que chegamos, no qual ao homem custa muito pensar além de seus limites.
Se o homem não possui uma plataforma que ele possa creditar algumas crenças, ele é automaticamente lançado ao desespero, e a constatação é a apreensão de um estado niilista que observamos na sociedade, mistura de hedonismo, utilitarismo, crenças enferrujadas, coerção social e conformismo, cada vez mais o potencial humano e sua capacidade mental são reduzidos à analogia do “cérebro em uma cuba”, ou seja, pensamos somente aquilo que nos é imposto, grosso modo.
Fé e filosofia são excludentes, isto se explica na lógica (para quem não refuta também a lógica), pois como já disse anteriormente cabe ao bom filósofo a abrangência de todas as proposições existentes, tanto quanto sua intertextualidade, correlatos, relações interpessoais e intrapessoais. Do contrário, muitos se frustrarão ao verificar a lógica que está por trás de muitas teorias, e estas automaticamente passam a demolir os pilares de barro das inconsistências e insipiências filosóficas.
Há uma enorme diferença para o individuo entre pensar por si mesmo e pensar através de outras pessoas que invocam o determinismo humano.
Não obstante, em meu discurso não estou desvalidando alguma proposição metafísica que seja uma releitura e critica das próprias anteriores. Apenas penso que o mundo lá fora está ruindo, mesmo em aspectos “físicos” a terra também sofre com a ação do homem. Portanto, todo discurso que tem a metafísica como embasamento de um “meio” para a solução de nossos problemas é falho e insipiente.
O homem “autêntico” vivencia a maravilha de tudo, toda a beleza e horror. Os artificiais são seguidores insípidos que vivem suas vidas como um papagaio de pirata a repetir as compilações “extemporâneas” à sua realidade e momento singular que é o presente e tudo o que isto significa.
Elevarmo-nos acima da massa artificial é a máxima de Sócrates: “Uma vida sem questionamento não vale a pena ser vivida”.
Veja que muitos jargões de filosofia como metafísica, transcendental, dualidade, humanismo e idealismo, são hoje formados por suas "corruptelas etimológicas". Portanto precisamos antes saber bem o que em filosofia elas significam, já que o assunto aqui é tão somente dentro das esferas filosóficas. Ou mesmo encontramos palavras e conceito difíceis como a epistemologia (na filosofia a gnosiologia) e a alteridade.
No que concerne ciência, precisamos de um método de constatação, senão a coisa se torna uma verdade objetiva e subjetiva. Não vai valer se alguém disse isto ou aquilo.
Ao invés de usar o método científico - investigar provas empíricas - para estudar o nível quântico, os físicos precisam usar experimentos mentais. Apesar de estes experimentos serem realizados somente de maneira hipotética, são baseados nos dados observados na física quântica.
Pressupostamente você também está tentando validar os pressupostos de sua fé em questões racionais e científicas. Nada contra, eu mesmo tenho minhas convicções "metafísicas", no entanto continuo a postular que uma metafísica que seja só contribui para que o homem se distancie de sua realidade e das necessidades de caráter "iminente".
Nunca a palavra "viver" teve tanto impacto como nos dias atuais para o bom questionador do conhecimento.
De que valerá para o homem o conhecimento de uma realidade metafísica? Você sabe muito bem que ela será apenas um "fim", e não um meio. Pois é a forma do ser humano categorizar as coisas.
Aqui eu repito o que já disse em outras instâncias, o fato de que se a cultura, a condição humana, a valoração do humanismo que concerne a razão do homem, é nossa meta mais importante, poderíamos perguntar o que acontece com as teorias metafísicas que especulam sobre a natureza fundamental da realidade usando apenas a "razão". E razão também tem seu limite, vide o idealismo kantiano, e este mesmo se encontra em certa autonegação no que tange a incognoscibilidade de certos "conhecimentos" e , não obstante, cria uma metafísica a partir de sua razão. Bem diferente do argumento ontológico e racional de Descartes para explicar a existência de Deus, ou do panteísmo de Spinoza que explica que Deus e a natureza intercambiam. O problema da metafísica está na "moralidade" implícita nela, e de seu uso "usurpador" ao longo dos tempos para argumentos coercitivos de impedância ao verdadeiro estabelecimento do humanismo.
Quem aqui recebeu de Deus o mapa "genealógico" de seus desígnios ou a liberdade de proferir suas metas incognoscíveis? É muita presunção de quem o faz, minimamente!
O homem é validado por suas ações e não por suas crenças.
Oras, façamos uma analogia. O conhecimento de uma metafísica, e sua possível aplicação no aqui agora, dentro da linguagem e da percepção humana, seria apenas como o conhecimento da composição química da água para um marinheiro que está se afogando.
Se perceber atentamente meu discurso, verá que em absoluto nego a existência de um grande arquiteto do universo ou mesmo de uma metafísica (ela compõe, exerce e sempre exercerá um fascínio sobre os filósofos), mas apenas volito nas presunções que esta última tenta inferir nas reais idiossincrasias humanas.
Portanto penso que o homem precisa parar de atribuir suas mazelas a fatores externos de confluências de forças e assumir sua verdadeira responsabilidade mediante sua alteridade, seu mundo, seus atos, e de forma como se fosse o mundo dado a nós e nós mesmos devemos nos entender, como adultos, sem recorrer ao Pai que possivelmente diria: vocês são bem grandinhos para agirem como "crianças" birrentas ou mesmo animais "irracionais".
É fato notório que muitas religiões são omissas no tocante ao desenvolvimento da mútua compreensão entre os iguais e no alavancamento do real conceito de entendimento da raça humana.
Em temos lógicos, qualquer religião que não consegue estas proezas são falhas, tendo em vista que seus cernes estão ruídos por professar conceitos escatológicos e deterministas, lançando as qualidades humanitárias latentes do homem para segundo plano.
O fato é que o homem deixou de acreditar em si mesmo. Ele é esmagado por uma estrutura social dogmática, e se interpelado acerca de seus motivos, a resposta não saberá. Pois não sabe que o conceito “Deus est homo”, de que somos segundo algumas leituras imagem e semelhança do divino, é pacificamente, confortavelmente, e convenientemente agregado à preguiça intelectual e que o desejo de muitos são apenas os desejos de alguns “burocratas” idealistas para a raça humana.
Crer em Deus não encerra no bojo desta crença fundamentalismos e infindáveis diálogos “para inglês ver” da boa vizinhança ou de ecumenismo. Com certeza as filosofias que valorizam o homem em seu potencial criativo, a exemplo do budismo ou mesmo de certas ramificações “animistas”, que conseguem manter um diálogo íntimo com a natureza, este que a longo foi posto de lado em virtude do “novo mundo”.
Richard Dawkins, renomado cientista, faz campanha massiva contra o fundamentalismo religioso e suas peripécias sangrentas, tanto quando os absurdos dogmáticos que ainda contrapõem a ciência como foi outrora em Copérnico, Galileu ou Giordano Bruno.
Dawkins é criticado tanto no meio cientifico quanto no teológico, arrastando debates “ontológicos” onde quer que possa ir. Sua obra “Deus um delírio”, é vista por mim não em um reducionismo simplista acerca dos recônditos de um ateu, mas sim uma obra que tem como pressuposto a “desvalidação” (segundo minha inferência) de um Deus que não faz sentido em plena era em que as grandes religiões não condizem com as reais necessidades do ser humano. A saber, do controle da natalidade, das células tronco, de instituições como o matrimonio, e da omissão em questões político sociais, do ultrapassado conceito de pecado, que apenas pode ser interpretado hoje como “irresponsabilidade” mediante a alteridade.
Ademais, em um universo de múltiplas possibilidades em que uma única verdade não pode ser evidenciada, ninguém pode desqualificar as pretensões de um ateu, que em muitos casos, pode agradar mais aos olhos de Deus do que um religioso intransigente e que derrama sangue em seu nome, ou pratica a intolerância em seu nome também. Bem da verdade, eu não conheço esse Deus, deve ser a antítese do verdadeiro principio de perfeição. Novamente o homem e suas “categorizações” turvas mediante tudo, só concebe uma imagem distorcida do que já é distorcido naturalmente.

terça-feira, 4 de maio de 2010

A religião como influência para as idiossincrasias sociais (Osvaldo)


Em se tratando de sociedade, não podemos nos esquecer que todo o proselitismo obscurantista destas instituições tem contribuído para a “estagnação” da retomada de modelos sociais que atendam aos clamores de um era pós-modernidade. Tal debate se encerra no absolutismo total advindo daqueles que apregoam que a sociedade é composta pela mão de um “demiurgo” que proíbe inclusive o uso de preservativos, por exemplo. Portanto penso que qualquer contra argumento “derruba” os pilares já ruídos destas instituições sob a luz mais tênue de uma lógica. São resquícios “amargurados” da perda de poder “moralizador” e de Estado, pós iluminismo.
Em todos os âmbitos sociais temos influência direta deste império, contribuindo apenas que assuntos como células troco, aborto, métodos contraceptivos, etc, sejam postos a partir de um viés completamente maniqueísta e fora do escopo modernidade.
É notório o fato “sociológico” de que o iluminismo criou os maiores rancorosos da história. Como líderes de uma maioria “enfraquecida”, este erro sistemático ou tendenciosidade não descansa na força das armas; em vez disso, eles precisam confiar em seus poderes mentais e do bom uso da linguagem.
Ainda em um âmbito sociológico, a perda de “potencia” de determinados balizadores moralistas para a sociedade se converge em um ódio violento, sinistro e cerebral, assim como foi quando ainda tínhamos na sociedade, em nome da fé, um absolutismo que matava aqueles que “ousavam” apenas olhar para as estrelas.
Talvez a grande sacada “organizacional” de determinada instituição que reprimiu o homem e sua sociedade por séculos, tenha sido a criação de um novo sistema de valores, ou seja, por um processo de inversão, eles tiraram os nobres valores de seus governantes, (os fortes e poderosos) e os transformaram no seu oposto, os grandes vícios e pecados.
Essa engenhosa jogada resultou no seguinte sistema de pensamento social/moral: uma “inversão de valores” que coloca alguns nobres balizadores como pecados institucionalizados.
Podemos resumir então o que há fossilizado em termos de “visão” social:
Ética do escravo: submissão, o valor do sofrimento, humildade (baixo estima), a pobreza que salva as almas, censura, repressão dos sentidos,etc...
Ética do nobre: coragem, saúde, orgulho, engajamento social, pensamento livre, amor ao corpo como templo de Deus e vazão dos sentidos, etc...
Se explicar um pouco, desta forma, porque Marx é Belzebu e Nietzsche o demo em pessoa.

Uma visão da “educação” no mundo contemporâneo (Osvaldo)


Penso que muitos concordam com o fato de que nossa educação, de um modo geral, não vai muito “bem das pernas” (estou usando um eufemismo muito sutil).
O modelo vigente, seja pedagógico ou estrutural, que visava formar meramente a “qualificação” profissional de inserção do homem num mercado competitivo, retrocede mil léguas com a desestruturação deste ambiente (escola), advindo de uma sociedade que mudou por completo seus “valores” (desvalorização do indivíduo, no caso), formando-o apenas para atender as demandas de alguns interesses em certas escalas sociais. No entanto esta “formação”, como todos sabem, é rasa, desprovida de uma “fomentação” do espírito crítico a ser imbuído nos discentes tanto quanto nos decentes, pois a “universidade” hoje também se transformou em outro recôndito da falta de entendimento da pós-modernidade, perdendo-se nas “cifras” que promovem os verdadeiros intuitos formativos.
Nós modernos não temos uma cultura para chamar de própria. Estamos cheios de artes, filosofias, religiões, ciências e costumes estrangeiros : somos enciclopédias ambulantes (o uso e abuso da História) .
A questão é “assimilar” o passado, usando-o para fazer nossa própria vida e cultura. Muitos defendem que a História é um peso morto para o presente, e isto pode ruir as estruturas das cartilhas de algumas proposições sociológicas.

Olhando por outro prisma e aqui fazendo uma abstração do núcleo de debate proposto em torno de três sociólogos neste fórum, sendo que um obliterado pela grande maioria, poderíamos dizer que a educação nos dá muitas informações sobre a cultura; seu produto é a assim chamada pessoa educada, que possui um excesso de historia e não pode viver uma vida autêntica por si mesma. A educação insiste no “detalhe apurado” e na “objetividade fria”, que servem apenas para paralisar o projeto do individuo de auto-realização no mundo.
Talvez se quisermos de fato produzir uma cultura vital e autêntica, teremos de ser “menos educados” nos moldes tradicionais das cartilhas fossilizadas perante os clamores de uma pós-modernidade. Alguém já disse que certas situações da sociedade eram “contingentes” , transitórias, mas elas perduram até hoje. Mas outro alguém disse que tais idiossincrasias perdurariam mediante a culminação, o ápice de um sistema que convergiria suas falácias na própria “cultura”.
A cultura, as crenças e os valores que caracterizam qualquer grupo ou classe não podem ser criados apenas pela educação. Os maiores povos algumas vezes produzem um gênio, mas esse raro evento ocorre mais frequentemente em culturas onde o Estado está menos imiscuído na educação de seus súditos.

sábado, 1 de maio de 2010

Da subjetividade endêmica do "mal" social (Osvaldo)


Pressupor apenas a “negatividade” que contém em cada um de nós como causa de todas as idiossincrasias do homem é um reducionismo ontológico.
O que é a fé que as religiões nos exigem? Nietzsche responde a essa pergunta com um exemplo de Pascal, cuja crença religiosa impôs severas restrições no escopo de seu trabalho intelectual.
Pascal dizia que o homem, de forma confusa, era condenado pela própria razão, com a qual alegam terem refutado a sua “religiosidade” (ou talvez aqui apenas “religião”).
Mas Nietzsche refuta este pressuposto, dizendo que este tipo de fé parece, de uma maneira terrível, um prolongado suicídio da razão.
Se pensarmos na maioria das doutrinas que se inserem em um escopo “cristão”, veremos desde sempre o sacrifício de toda liberdade, todo o “orgulho” produtivo, toda a autoconfiança do espírito (há de se compreender aqui que “espírito” toma uma conotação meramente filosófica), e ao mesmo tempo escravidão e auto-escárnio, automutilação. (Palavras de Nietzsche, não minhas).
O filosofo dinamarquês Kierkegaard (cristão) chamou a fé de “divina loucura”, um “absurdo” que requeria um “salto” sobre nossa capacidade de raciocínio. Ele dizia que uma condição na qual “nenhum desespero” existe é também uma forma de acreditar; o eu está transparentemente ligado ao poder que o constitui.
Nietzsche martela novamente dizendo que isto é auto-sacrifício, outra vez, neste caso para salvar o espírito do desespero.
Bem, o que eu quero dizer com isto é muito simples; que teorias que fogem do escopo de investigação humana não trarão nenhum tipo de alento para a formulação de uma sociedade melhor, tampouco se for direcionada sob os auspícios de uma cartilha recheada de moral imposta. Penso que dentro do que pressupõe sua alteridade, o homem pode ser capaz de “resolver” suas demandas com o bom uso da razão.
Aqui não faço critica a toda forma de religiosidade, mesmo porque eu acredito em Deus, mas pensarmos que “devemos” prestar contas com o Criador, pois sendo Sua criação devemos analogamente ser “perfeitos”, dentro de uma vasta “contingência” ontológica, é no mínimo uma relação “esquizofrênica” de Deus para com sua prole e vice vera.
As cartilhas sociais estão aí, repletas de balizadores ético-morais advindos destas instituições em nome de Deus. Nenhuma delas deu certo.
É chegada a hora de um “humanocentrismo”, um novo iluminismo que traga à luz da compreensão não o homem focado em si mesmo, mas nas questões humanísticas que todos somos capazes de exercer para com nosso outrem. Talvez os velhos moldes sociológicos estejam defasados, pois há o “dedo” de muitos interesses coercitivos em ralação aos mais incautos.