segunda-feira, 31 de maio de 2010

Aquino e Agostinho, uma sandice intelectual - Osvaldo


Autores podem também saber vender seu peixe muito bem ao defender estes doutores da igreja, que ao meu ver mais parecem doutores de "castração mental", mas para mim a primeira regra é duvidar de tudo, ao menos em matéria de conhecimento "induzido".
Quais são os pilares para o surgimento de Aquino e Agostinho.
Após longo período em que crenças se baseavam no torpor dogmático e o renascentismo é instaurado, a resposta da igreja é a escolástica, e seus expoentes são Aquino e Agostino.
Penso que aqui se deve verificar se a autora do comentário que você citou apenas estuda os fatos em si através da mera intencionalidade, seja ela filosófica ou teológica, ou se também há certo proselitismo por parte deste discurso. Nada melhor do que a “desconstrução” da linguagem para nos atermos às verdadeiras “intenções”. Eu fico com o racionalismo. Mas não o racionalismo que se incorre do subproduto das verdades “objetivas” que posteriormente, agregadas, se tornam subjetivas e de senso comum.
Para provarmos que teologia e filosofia são excludentes, precisamos partir de um método. A primeira instância filosófica seria do “questionamento”, ou seja, o que de fato posso conhecer através de meus sentidos ou de minha razão? Portanto o racionalismo posto de forma equilibrada e filosófica tende apenas a nos posicionar em plataformas mais “convincentes” a observar as questões de crédulos sem embasamentos críticos. A saber, podemos contar com a historicidade dos fatos para podermos ruir os pilares de uma teologia que se ergue sob questões de “aprisionamento intelectual”.
Ora, tudo se instaura através de um processo dialético, e deste mesmo processo, resulta a teologia escolástica como forma de perpetuar, embora de forma mais atenuada, o poder da igreja. Como pode haver um bom "consenso" entre a filosofia moderna e pós- moderna , ou estas últimas ao encarar os primados dogmáticos que são diretamente advindos dos pilares escolásticos de Aquino e Agostino, e que são ainda hoje os mesmos pilares que refutam vários experimentos científicos, o uso de preservativos, os diversos gêneros sexuais, o dialogo em torno do aborto, a ciência em torno das células tronco, diálogos ultrapassados em torno de instituições como o casamento, e da obrigatoriedade de ensino religioso nas escolas.
Aqui não valeria dizer que estes teólogos são “independentes” desta instituição. Eles formam o corpo intelectual deste escopo teológico que visou confrontar a modernidade. Percebemos que por fruto de intolerância mediante a falta de ressignificação aos tempos modernos, esta instituição perde cada vez mais seguidores, com a premissa de manter sua “qualidade”.
Não obstante, devemos salientar que a filosofia não é exclusivamente advinda de um “cogito” grego-ocidental, mas sim de uma intertextualidade como ocorria com a Ásia menor antes dos pré-socráticos e , em termos de religiões, bem antes de o pensamento ocidental começar a florescer já tínhamos os sábios conhecimentos dos egípcios, dos animistas africanos, dentre outros. E numa jogada espetacular, após a derrocada da influência helenista no mundo tanto quanto do império romano, ergueu-se o sacro império romano, e a igreja ocupou a lacuna deixada “órfã” nesta historicidade, impondo sua força e seu poder "atemporal".
Os jesuítas nada mais fizeram do que uma expedição de “força” descomunal a catequizar de acordo com onde soprava o vento. Os clerigos inventaram o diabo ao verificar os deuses africanos ou outras deidades pagãs, ressignificou, com Constantino, todo o calendário pagão de sua época para forçosamente instituir o cristianismo.
Bem, feito a grosso modo uma tentativa aqui de tese, antítese e síntese, o que seria da historia da humanidade e de seu curso, doravante, se “Avatares filosóficos" como Descartes, Locke, Hume, Kant, kierkegaard, Nietzsche e outros não viessem à tona com seus novos “modos operandis”? Talvez fossem de fato queimados em nome do santo oficio, o mesmo que inclui no bojo sistemático e doutrinário Aquino e Agostinho.
Metafísica não é teologia. Teologia não é metafísica (ao menos no que se baseia a filosófica).
Dogmas e filosofia são mutuamente excludentes, vide todos os pensadores que pensaram que suas proposições fossem se tornar dogmas, isto se de fato um bom filósofo pensou nesta sandice.
A era da razão tem também suas mazelas, mas estas, como já disse o grande “pai” da modernidade Descartes, é quando conduzida de forma “inadequada”. Portanto viva a filosofia, que é um processo interno de construção e de desconstrução, quebra de paradigmas. Isto ao menos é pretendido do real conceito de filosofar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário