quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Existencialismo e Freud (baseado em texto diverso)


Parto de Sartre, ao refutar a idéia de causas inconscientes dos fatos psíquicos; para ele tudo que está na mente é consciente. Rompe-se desta forma com a psicanálise por ela retirar a responsabilidade do indivíduo ao invocar a ação de uma força subconsciente e estados mentais inconscientes, que para Sartre, não existem. A consciência é necessariamente transparente para si mesma.
Todos os aspectos de nossas vidas mentais são intencionais, escolhidos, e de nossa responsabilidade, que é incompatível com o determinismo psíquico postulado por alguns autores.
Teríamos de atribuir a repressão inconsciente a alguma instancia dentro da mente , como a censura, que distingue entre o que será reprimido e o que pode ficar consciente, de forma que essa censura tem de estar a par da idéia reprimida a fim de não estar a par dela. Portanto, o inconsciente não é verdadeiramente inconsciente.
Por isso penso que não podemos usar "o inconsciente" como va´vula de escape parameu comportamento. Mesmo que não possa admitir para im mesmo, eu estou consciente e escolhendo. Mesmo na decepção que sofro, eu sei que sou eu aquele que me decepciona, e o assim chamado "censor" de Freud deve estar consciente para saber o que reprimir.
Ao usarmos o inconsciente como desculpa do comportamento, acreditamos que nossos instintos, nossas inclinações e complexos constituem uma realidade que simplesmente é; que não é verdadeira nem falsa em si mesma mas simplesmente real.
De certo esta proposição de Sartre é uma linha dura, pois não trata de nenhum dualismo o qual o ser humano se locupleta ao fugir de suas questões existenciais e seu real papel de responsabilidade perante o mundo enquanto forma e humanidade.
Penso que muita das idiossincrasias vista na humanidade são dadas ao fugir deste escopo de responsabilidade ontológica; da alta "voltagem" que constitui a obrigação imediata do homem de arcar com os danos de sua própria casa que engloba todo o outro, longe do solipsimo que lhe nega sua alteridade.
Somos responsáveis também por nossas emoções, visto que há maneiras que escolhemos para reagir frente ao mundo. Somos também responsáveis pelos traços de nossa personalidade. Não posso dizer "sou tímido", como isso fosse um ato imutável e inextricavelmente pré-determinado ao meio; uma vez que nossa timidez representa a forma como agimos, e que podemos escolher agir diferente, pois na vida nossos atos se definem, o homem se compromete, desenha seu próprio retrato e não há mais nada senão este retrato.
O que sobra são ilusões e imaginação a nosso respeito, sobre o que poderíamos ter sido, que são decepções auto-infligidas.
Por isto citei o papel de uma "psicologia" mais voltada ao escopo existencialista, que é um movimento que se aflora hoje.
Eu mesmo, em minhas grandes indagações existenciais, sempre em relação a sociedade, nunca encontrei tantas respostas no existencialismo que em diversas terapias que discorriam em eterna procura de meu "self".
Senti-me bem melhor ao assumir minhas "responsabilidades"; tentando definir, sem aspectos causais, a mim mesmo.
Isto não é uma forma de solipsismo, para maior esclarecimento consulte "Sartre e o Humanismo".

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