domingo, 14 de fevereiro de 2010

Da falha da educação no lar. (Osvaldo)


É muito relativo e efêmero apenas a "solidez" do lar. Acontece que existem confluências de "forças" dentro e fora de casa. Uma boa base no lar é de fato indiscutível.
A começar pela dificílima tarefa de educar um filho mediante o que a sociedade tem a lhe oferecer. Toda sorte de leniência exacerbada dentro de um lar pode resultar em um individuo despreparado para tudo lá fora, inclusive chegar a estados depressivos profundos na fase adolescente e adulta, pois nunca conheceu o que é ganhar com "méritos".
O que se constata, graças a novos "pedagogos" e pais descuidados, é que toda forma de "desafio" e noção de "conquista" foram abandonados no lar. Isto de forma geral. Exceções à regra, obviamente.
Os pais falham ao prover seus filhos com coisas para além das suas necessidades básicas, e paradoxalmente, os que não têm supõe-se falhos também. Hoje há uma enorme quantidade de atrativos compelidos pelos veículos midiáticos. A vida "simples" já não é sinônima de vida plena para muitos.
O homem quando vai porta afora, se defronta com sua alteridade que já não lhe é mais usual ou peculiar. O ser humano cada vez mais se categoriza e se distancia do conceito de identidade própria. Nossa realidade é uma que está "suspensa" dentro de uma realidade completamente "simulada". Parecemos personagens de videogames.
Falham os pais, falha os filhos e falha a sociedade de um modo geral. Seus pais estão tão habituados com a mesma falta de rigor intelectual que não podem prover nada além de compêndios morais que serão desvanecidos quando os filhos se identificarem com um grupo que lhe de maior valia apenas. É uma ilusão negar que lá fora é que se encontra o mundo real para estas crianças hoje.
Já não é mais relevante dizer que o mundo "real" existe. Nenhum sistema de representação ou análise pode referir-se à realidade. Que tipo de abordagem podemos dar a estas crianças e adolescentes? Nós nos moldamos às necessidades vigentes do mundo afora. A saber, dos guetos, do espírito competitivo, das escalada social nas empresas, do estético em voga, do "ar" cheirando a sexo, da fabricação de autômatos nas escolas, das convenções sociais como casamentos vulneráveis, da caça ansiosa à prosperidade etc, etc e etc.
Quando muito um jovem que se "destaca", fora da imbecilidade geral das massas, este é tido como o idiota o anormal, o louco.
Eu creio que o tópico não esteja se referindo ao dizer "bases seguras" àquela velha historia de céu e inferno ou purgatório, mais uma carga metafísica querendo guiar as atitudes do jovem indivíduo.
Quais seriam as bases para os pais estarem seguros?
Uma das formas mínimas para se educar os filhos é através da constatação ininterrupta da responsabilidade por seus atos e suas consequências, desde a tenra idade. E dependendo da idade, um chinelo do lado faz bem. E boa sorte na empreitada.

"… são, todos, indícios funestos de que a maioria de nossos males é obra nossa e teríamos evitado quase todos se tivéssemos conservado a maneira simples, uniforme e solitária de viver prescrita pela natureza".
Jean-Jacques Rousseau

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