quarta-feira, 2 de junho de 2010

Da Epistemologia e Metafísica- Osvaldo


As questões de “crenças” fogem de fato do âmbito do conhecimento humano. Acreditar ou deixar de acreditar penso ser impossível dispormos de provas para ambos os lados da dúvida.
Em epistemologia, ou seja, gnosiologia, temos uma “truncagem” muito interessante desde o grande racionalismo de Descartes e do empirismo “final” de David Hume, precedido por Locke e Berkerley.
Em se tratando do sentido estrito de filosofia, ao qual nos remetemos à metafísica, o ramo do “conhecimento” se torna ainda um assunto muito extenso e digno de debates infindáveis.
Penso que ao voltar os olhos apenas para o homem e sua cultura a filosofia pós-moderna, tendo Nietzsche como estopim, decide abarcar apenas a efemeridade do ser e as questões existenciais que se contrapõem em vista de uma contingência multiforme.
Nietzsche mesmo disse que provar a existência de “metafísicas”, ou seja, dos assuntos abordados por ela, seria impossível. Portanto seu foco inicial não é de refutação, mas talvez aqui eu fazendo um paralelismo com a “incognoscibilidade” de Kant, o bigode simplesmente deixa os assuntos “impossíveis” de lado para voltar seus olhos aos homens e suas circunstâncias.
Não creio que a “morte de Deus” seja uma interpretação apenas dedutiva, como se faz na maioria das vezes, e sim se faz cabível o contexto “hedonista-tecnológico” da falta de balizadores para o homem moderno, pós racionalismo e pós “individualização” de seu “eu” pensante, este que é de fato abordado pelas grandes escolas idealistas germânicas.
A meu ver, filosofia é inextricavelmente atrelada a indagações pertinentes à metafísica. Muitas das escolas que apenas englobam o “ser social” mais parecem com proposições sociológicas e antropológicas. Portanto penso que os assuntos pertinentes a metafísica é um dos pilares da filosofia, daquela praticada como um “todo”, e é neste aspecto que ainda tenta trabalhar a tão infindável epistemologia que, a saber, nos fomenta ao debate daquilo que é possível conhecer, como se dá isto, e o que de fato podemos saber com “certo grau” de entendimento das coisas.
A saber, a epistemologia tenta apagar o “incêndio” provocado quando o racionalismo e idealismo, o empirismo, o ceticismo metodológico, e o relativismo se encontram.
Hoje a filosofia como a analítica e da linguagem deixam de lado os aspectos metafísicos que são sim a meu ver ainda constituintes do bojo do “filosofar”. Ainda não sabemos muito bem se proposições voltadas apenas ao positivismo e ao humanismo, ou mesmo o materialismo dialético, encerram em si proposições “filosóficas”, ao invés de serem adequadamente citadas como teorias sociológicas ou antropológicas, estas que são os ramos de uma filosofia “primeira” e são sustentados a partir de elucubrações metafísicas da raiz desta árvore. Bem disse Marx em sua época que a filosofia estava morta.
A meu ver, dentre todos os pressupostos filosóficos, a filosofia “genuína, se assim posso chamar, vai até Hegel e Schopenhauer. Já em Nietzsche vemos uma derrocada, como ele mesmo propõe, dos conceitos e abordagens filosóficas, e por aí a coisa segue, a exemplo de Freud, Comte, Derrida, Foucault , Lacan, Baudrillard e outros. Estes se voltam para o social em relação ao sujeito. Mas dentro desta nova leva filosófica, ainda vejo, de maneira particular, o existencialismo como real indagação filosófica, pois este sistema embora refute metafísicas, leva o ser humano à questionamentos “atemporais”, no sentido de sua existência mediante um mundo sem ordenação e sem “paternidade”, levando a conceber apenas sua nulidade mediante este processo e sua forma independente de ser que ao mesmo tempo não pode circunstancialmente deixar de enxergar sua alteridade.
Não obstante, sendo o existencialismo estritamente atrelado à fenomenologia, esta ainda se preocupa com as questões do “cogito” e dos objetos apreendidos em nossas mentes. Arriscaria dizer que é quase uma intertextualidade com os pilares cartesianos, do sujeito “cognoscente”, mas para tal devemos estudar muito e ver estas conexões., ao menos entre o racionalismo, o hegelianismo , de certa forma, e Sartre.
Posto tudo isto, em filosofia, sempre restará a indagação acerca do incognoscível, e a epistemologia ainda é forte ramo filosófico que constantemente quebra a cabeça acerca do “entendimento”.
Para muitos tudo isto pode não passar de perda de tempo, já que o importante é nossa cultura e as diversas aplicações conceituais em nossa realidade social presente.
Por fim, penso que as estruturas filosóficas pós-modernas não se interessam muito pelas questões epistemológicas, a não ser por aquelas que já são estão postas em determinadas áreas do saber.
Descartes, pai da filosofia moderna e do grande racionalismo, provou a existência de Deus em seu argumento ontológico. Creio que isto seja de uma suntuosidade e profundidade extrema na filosofia de Descartes, grande matemático que, não obstante, baseou sua filosofia em métodos da geometria analítica, sendo que a matemática é uma das verdades que podemos de fato conceber.
O problema se instaura com David Hume e seu ceticismo filosófico. Ceticismo este que não é sinônimo de ateísmo, e sim de cunho epistemológico, ou seja, que é impossível poder "conhecer" algo a partir de nossas mentes, a não ser através das experiências sensíveis.
Eu já sou mais adepto do racionalismo de Descartes, pois acredito que também somos constituídos de, até certo grau, de idéias inatas.
Já Kant diz que ambos estão errados, e une as duas filosofias como “a priori” (da dedução de idéias de Descartes) e “a posteriori” (da indução de idéias de Locke e Hume), e não obstante, da "coisa-em-si", que seria da "incognoscibilidade" de nossas mentes no que tange assuntos como Deus, verdade, e realidade. Que nossas mentes são um "retrato" contínuo da realidade que é processada através de "filtros" categóricos como profundidade, tempo, espaço, qualidades, etc.
Este é um assunto que me consome faz muito tempo e uma das minhas áreas prediletas em filosofia, que é da teoria do conhecimento.
Portanto, num silogismo, eu penso que: Se Deus é uma idéia, e uma idéia pode ser uma probabilidade, então a probabilidade de Deus de fato existir é certa. Agora, esta idéia não é racional, a não ser pelo fato de lógicas e silogismos, mas sim uma questão de fé, por certeza. Apenas uma coisa me intriga sobremaneira, que é o fato das ciências não passarem de idéias “apriorísticas” no que concerne a cosmologia e a infinitude do universo, e em seu fomento acerca das "causas finais", que também se esbarram em contradições e se torna meta “alienável”.

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