quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Aos críticos de Schopenhauer- Osvaldo


Verborragias à parte, o fato é que há um certo cheiro de "proselitismo" filosófico e de certa forma um dogmatismo em certas referências individualistas quando se aborda Schopenhauer, deixando de lado a imparcialidade.
No que tange sua filosofia, nada é mais apropriado que seu pensamento para elucidar sua escola que de fato desagrada sobremaneira vários intelectuais ate os dias de hoje apenas por mostrar a face “noir” da humanidade que é em si própria uma constatação de si mesmo e de um lado da realidade que nos apresenta inexoravelmente. Este também foi precursor de outro pensador que apenas rompe com esse niilismo de forma reativa, trocando em miúdos.
Não há mal nenhum em mostrar o que há de mais feio no mundo ou da forma que chega em nossa percepção, assim como existe suas belas nuances.
O impacto da obra vai de acordo com a afinidade de cada qual para com seus interlocutores e suas elucubrações,classes sociais e própria filosofia: todos somos filósofos a partir de questionamentos contra verdades e morais estabelecidas, nunca se esquecendo que a filosofia em si visa o esclarecimento de idéias frente a nossa hiper-realidade com pilares ruídos.
Alguns apontaram aqui algumas outras faces do pessimismo humano, mas o que também há de tão positivo socialmente e politicamente nos dias de hoje? E nossa educação que é informativa e escassamente formativa? E os meios de comunicação torpes? A elite social pífia?Medonho. Quem vai nos salvar? Chapolin Colorado? Não, ninguém (...) no homem ainda devemos depositar nossas “esperanças”, é a superação a cada dia como uma montanha russa desgovernada em meio às trevas do absolutamente necessário para a sobrevivência primeva mascarada em conhecimento cientifico adquirido em tonalidade de potência messiância.
Schopenhauer,entre outros e suas definições mais esclarecidas, uma mera questão de semântica.
Considerando o mundo da maneira que se mostra, e reformulando a metafísica partindo de Kant,Schopenhauer convida-nos a assumir um ponto de vista diferente, e considerar que a felicidade não está em questão da mesma forma que não estaria para porcos-espinhos ou macacos. Ele não queria nos deixar deprimidos, mas nos libertar das expectativas (quem não as tem) que podem acabar gerando frustrações.
De fato um pensador muito próximo do ser humano, sendo distinto em sua forma de elucidar e elegância da escrita, uma afronta aos que pensam que a vida é um bolo cheio de creme com a cereja no topo.
Penso que não há necessidade de tanta erudição ao propor, atualmente, temas que já foram massivamente devorados, digeridos e formatados. O que se nota é que o ser humano nunca deixou de ser primitivo de fato até esse estágio da evolução e que as correntes filosóficas que de fato tentam dar um salto qualitativo geral são as que incutam a “existência” livre de paradigmas dogmáticos, fazendo os homens descerem de um pedestal arrogante e ilusório.
Devemos agradecer a Schopenhauer o fato de mostrar a vida despida de contos de fada, e ao mesmo tempo, ouvir que é um alento se muitos aspectos da vida nos trouxerem tristeza é porque a felicidade não fazia parte da equação inicial. Faz parte de nosso impulso de vida até questionarmos tudo isso aqui e até discordarmos uns dos outros ou mesmo juntar um pouco de cada grande filosofia.
Quem pode dizer que o mundo caminha para a dissolução de seus emaranhados de toda sorte?
O que de fato, a não ser bases humanísticas que toquem o individuo e sua sociedade em prol de seu desenvolvimento maior, poderia ser sugerido?
Somos HUMANOS com o DNA impregnado de lorotas celestiais do obscurantismo da escolástica e biologicamente temos “necessidades” emocionais pertinentes.
As vezes os pensadores mais pessimistas, paradoxalmente, podem ser os mais consoladores.
So se estampa em Schopenhauer o pessimismo,mas quem de fato é depressivo poderia procurar um psiquiatra, já que se espera diretamente na filosofia uma “estampa” de um pensador levando apenas a obra de um filosofo ao pé da letra. Há diversas “máscaras” filosóficas nesse sentido que podemos escolher.
Voltando ao assunto de forma séria e em última análise, o que merece respeito é a falta de complacência de Schopenhauer. Ele não se situa em terreno seguro, arriscando-se em vez disso a enfrentar problemas dos quais não podemos deixar de nos mostrar “inseguros”, (ou mesmo sem as aspas aqui).
Ele pergunta o que é o eu, e não tem como dar aqui uma resposta fácil. Ele se lança então ao que há de mais inseguro, perguntando que valor pode ter a existência do homem, e a conclusão que chega nesse ponto é ainda menos agradável.
Os especialistas em filosofia se comprazem com seu estilo maravilhoso e julgam suas idéias provocadoras, mas não costumam tomá-lo como modelo: para uma pessoa versada em Kant ou Aristóteles, ele pode se afigurar demasiadamente “literário”. Mas é filosofia que ele pratica, fazendo poucas concessões, e muitos leitores que ele inspirou o têm tomado como paradigma de metafísico profundo, difícil. É pena que o rejeitem por considerá-lo filosófico demais, ou pessimista, (pessimismo, ou seu oposto, tomado muitas vezes também literalmente de forma “new-age” de prateleiras de supermercado).
Ainda que o calcanhar de Aquiles de Schopenhauer seja o fato de seu “sistema” desabar mesmo sob a mais tolerante prova analítica, grande é nossa perda mediante seus pontos fortes, uma tola atitude de um especialista em filosofia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário