Bem-vindo ao blog "O COGITO" de ensaios filosóficos, de autoria de Osvaldo Rinaldi. A filosofia é antes de tudo uma atividade racional. Para a filosofia não existem respostas certas, mas sim perguntas certas a partir do assombro filosófico no qual somos acometidos, fora da caixa. Paradoxalmente ao senso comum, Inverte-se a ordem de que "é preciso crer para compreender" para "é preciso compreender para crer". Por fim cito minha infinita afeição pelo grande racionalista Descartes.
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
A Solidão/Crítica aos Relacionamentos (Osvaldo)
Por que nas desventuras do cotidiano alguém se deparar com um estado de solidão do outrem, isso se faz motivo de preocupação de quem observa o fenômeno?
Ser/estar solitário pode ser um estado muito saudável para os que intelectualmente precisam apenas de paz e harmonia, para estarem em contato consigo mesmos para além das aparências de uma objetivação empírica criada pela maioria das pessoas ao redor de quem se cala. Se calar frente à banalidade contextual, a literatice, e as percepções mais esdrúxulas do cotidiano é uma proeza e tanto, como a qual de estado em que se faz necessário um momento mais sublime de inspiração, ao recorrer ao silencio absoluto para não ser açoitado pela agressão intempestiva e indolente do barulho que agride o momento que no silêncio se dá forma a concepção da arte e seu artista.
No meio de uma massa amorfa que segue essa sociedade em que vivemos, a qual cada um estabelece caoticamente seus preceitos e pré-conceitos inadequadamente e pressupostamente à luz da vã racionalidade, estar no silencio nos transporta para um estado de segurança longe deste torpor anestesiante, de cólera inadvertida da ignorância latente sem valores e sem nada, niilismo mental, o vazio cerebral.
As pessoas sempre carecem, como numa matilha, agregarem umas as outras, por instintos básicos e primitivos, é certo, porém a tagarelice dos indivíduos pode ser indicadores de outras pressuposições que divergem das meramente amistosas ou do banal cotidiano. Que resultado pode advir de abordagens repetitivas e maçantes em ambientes corriqueiros? Que sentimento pode algum intelecto mais esclarecido que fomenta aspirações do conhecimento recíproco e abrangente obter das mesmices cotidianas grupais?
Diversas são as máscaras, muitas vezes até inconsciente, empregadas para dissimular mimos e afabilidades entre as pessoas, sejam elas por beneficio próprio ou por estabelecimento inconsciente do “poder” de persuasão e astucia sobre os demais. Em qualquer grau de relacionamento, as pessoas se adéquam ao outro para não perder sua “colocação” na vida alheia, para poder gozar do sentimento benfazejo de pertence, muitas das vezes momentâneo, de que “possui” o outro nas mais diversas escalas do inconsciente, perdendo assim sua vida em detrimento dessas concessões. Uma metamorfose deletéria daquilo que não se consegue ser por si só, buscando no outro a auto-afirmação diária em um processo de auto-estima decadente e sentido de pertence.
Ao se abrir os olhos para tal descoberta, uma força interna impele o individuo a proclamar seu novo “estado”, sua “individualização” mediante tais processos mesquinhos, produzindo-se assim a dor da partida, as desavenças, a incompreensão, o ato de se fazer julgado por não seguir a ordem das convenções e estatutos sociais, mas segue-se a partir daí a compreensão que a maturidade em escala maior, e a razão farão companhia para ser solitário novamente com esmero.
Quem realmente tem os olhos voltados para a amizade real que se estabelece entre dois indivíduos, passara alhures dessa rasa insipiência de fazer sempre para o outro em beneficio de si próprio e estabelecer uma dialética banal, mal conseguindo promover a síntese seja lá do que for, desferindo apenas conjecturas dentro de abstrações do que é um ser comunitário ou uma parceria.
Estar em silencio faz bem, e compreender isto de forma inteligível e não ser banal na abordagem é melhor ainda, contribuindo de forma auxiliadora à promoção da tarefa alheia e respeitar a individualidade de cada um e de quem também está próximo, compreender que nem todos precisam do ópio generalizado como o pop, futebol, novela das oito e tantas outras coisas que tocam única e exclusivamente o indivíduo, e não contingentes.
Ser igual é a preferência, ser diferente tem seu preço, mas tem sempre sua identidade e individualidade impressa sob vários adjetivos. Ser você mesmo supera tudo isso: o comum. Que bom navegar com um barco por um oceano de mentes que se igualam em sua composição.
Sua consciência, não a dos outros, é sua melhor amiga.
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