quarta-feira, 28 de abril de 2010

Acerca de Marx e sua “ressignificação” hoje. (Osvaldo)


A impressão que se tem é que Marx é sempre obliterado assim como qualquer outro pensador que institui uma “dialética materialista”. Penso que muito disto é apenas uma concepção “particular” de ver o mundo, para quem gosta de unilateralismos.
O fato que observo na história da filosofia e que ainda é um grande divisor de águas, a saber, entre antigos e modernos pensadores, são os pressupostos ontológicos ,suas “reduções” e o homem completamente fora se “si” mesmo. Verificamos que os homens adoram “volitar” entre confluências de forças externas para poderem diagnosticar as próprias mazelas, estas sendo interiores e exteriores.
Assim como nossa sociedade atual se encontra mergulhada na dicotomia entre o racional e o “coração”, analogamente a isto se serviram boa parte dos pensadores em suas proposições, com raras exceções, como Descartes e talvez Spinoza, num âmbito mais racionalista. Talvez adequada antítese para ambos, grosso modo, viria a ser a filosofia do “sentimento” de Pascal.
Bem, quero dizer apenas que grande parte dos homens modernos separou as duas questões supracitadas de forma um tanto que maniqueísta, perdendo-se em meio a estas duas confluências, o racional versus o coração, idealismos e formas perfeitas.
A saber, o discurso acerca de Marx refloresce nos dias atuais, e suas criticas renascem e ganham mais espaço na modernidade. Arriscado a primeira vista, aceitar tal argumento.
Marx não faz parte do cardápio pós-modernidade, acusado que é, pelo enredo liberal, de interpretar o intelectual ultrapassado, cujo ideário foi rejeitado pela pratica e abandonado por muitos de seus seguidores. Ele já não teria nada a dizer em uma época em que tudo que é solido desmancha-se no ar, e é banido pela academia porquanto sua teoria ousa proclamar a práxis num tempo em que o paradigma das partículas subatômicas supera as determinações newtonianas.
Não se executa uma filosofia por decreto, nem se mata um autor apenas pelo impulso da vontade. O “assassinato” de Marx e do marxismo é uma constante na historia, e assim como Nietzsche, numa escala de pensadores mais “contundentes”, se escreve mais acerca deles do que eles realmente professaram.
Não há separação entre realização e meta. Aí está o segredo da “imoralidade” de Marx, enigma decifrado por Sartre desde o inicio dos anos 60 do século passado, quando dizia que o marxismo é a filosofia insuperável de nosso tempo.
Veja bem, a teoria de Marx nasce das entranhas do capitalismo, e só pode dar seu ultimo suspiro com o desaparecimento do sistema que o engendrou. Não importa, então, qie o regime produtor de mercadorias tenha mudado sua face; interessa saber se as condições econômicas, políticas e sociais do capitalismo permanecem em vigor, e até que ponto as “criticas” levantadas por Marx e esse sistema mantêm sua validade.
Portanto, dentro de um escopo marxista e com seu fantasma a assombrar as idiossincrasias de um capitalismo reinante ainda, mas com a mera impressão de que o homem agora está no poder de si mesmo, mas muito pelo contrario, sua falta de identidade é cada vez pior, percebe-se que acumular conhecimento parece ser o novo espírito de nosso tempo.
A primeira década do novo milênio reedita, em grau elevado, as criticas de Marx ao capitalismo de seu tempo. Como livrar-se do espectro de Marx? Como se desvencilhar de sua filosofia (concepção de mundo) se o sistema que a gerou prossegue viajem sem fim de um desejo a outro (a pulsão de acúmulo; a ambição de adquirir? O que há nos tempo atual que já não estava presente naquele em que floresceu a teoria de Marx? Exceto sua elevação a um nível superior de sofisticação e o alcance de sua forma mais pura, transformando até mesmo a cultura em pura mercadoria? (Vide alguns pensadores da escola de Frankfurt).
Mas há um objetivo capitalista nesse acumulo, a saber, de orientar onde o capital deve ser aplicado para garantir produtividade financeira.
Isso é muito lógico e dialético. Haja vista o produto, sim produto, que saem das escolas atuais. Seres completamente autômatos inseridos numa educação que visa apenas a inserção num campo de batalha acirrado que é a boa vaga de emprego num ambiente hedonista e ao mesmo tempo que elucida um grande niilismo “enrustido”.
Tirem-lhes a cartilha social do status quo, uma crença, e um sonho qualquer para lhes validarem a vida, que se perderão na “nadificação”.

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