sexta-feira, 11 de junho de 2010

Crítica à educação capitalista - Osvaldo


Os dados estatísticos de nossa educação espelham duas faces, a saber, alguns que tentam expor fatores de conveniência própria, provenientes das autoridades que encabeçam a educação, outros provêm da constatação “in loco” de quem realmente está de frente às presunções ilusórias da “profetização” da inexistência de fatores alarmantes acerca de nosso ensino.
Aqui não se trata de mera visão niilista, ou de um pessimismo contundente, mas sim da constatação imbricada dos desafios atuais do professor e do que estes podem de fato se assegurar para o pleno exercício de sua função, de modo a promover seus alunos em todos os aspectos de realizações que constam nos estudos sociológicos para a dignidade humana, e, não obstante, de modo que a escola possa de fato ser um pequeno “reduto” que espelha a realidade lá fora, e vice versa.
Pela supracitada afirmativa final, podemos inferir que um dos maiores desafios do educador está redobrado de responsabilidade perante seus alunos, ao que consta, do desenvolvimento, em sala de aula, de uma realidade social menos lúdica e mais “verídica”, análoga aos desafios propostos na sociedade como um todo, e do próprio papel do professor, que para além da transmissão de um conhecimento que visa à formação dos cidadãos engajados no sistema vigente, possa também propor novos desafios aos discentes, de maneira que estes não vejam sua contemporaneidade como causa final de inexorabilidade idiossincrática, mas sim de modelo a ser superado. Portanto, dentre as peças fundamentais deste mosaico, o professor é de fato aquela que ainda pode guiar o discernimento de seus discentes em relação aos caminhos propostos para a amenização das idiossincrasias sociais, que indubitavelmente reflete de maneira singular não somente na formação do individuo como também nas questões apriorísticas comportamentais, salvo os de ordem “biológicas” e “psicológicas”, que são reflexo de uma sociedade doente e que estão inextricavelmente atreladas ao fator disciplinar assim como o da evasão escolar, uma simbiose, uma circularidade, que somente sendo interrompida poderá permitir o afloramento dos ventos da concordância com o verdadeiro papel da escola.
Sabe-se hoje que nossas escolas estão aptas a ensinar de uma forma que atenda as demandas do capitalismo, e este, expressão máxima da desigualdade social, requer formas pragmáticas de inserção do ser humano em “campos” de trabalhos específicos, quase que obliterando totalmente as questões de dignidade humana, em prol de uma subliminar escravidão do saber e da anulação “exponencial” de todos os atributos engrandecedores humanos. Aqui uma “racionalidade” é somente usada em função da cooperação dos indivíduos para com o fomento do capitalismo.
Posto isto, as perspectivas da educação ainda se encontra na própria educação, isto é, da ressignificação de conceitos até então considerados como “motes” educacionais, paradigmas inquebrantáveis e coercitivos de um sistema social muito pouco humano. A capacitação do docente é imprescindível para que ele possa se direcionar para seus alunos de modo a abranger não somente as necessidades formativas de seus discentes, como também das informativas. Para tal, esta maximização do papel do docente carece de certas resoluções de caráter iminente, a saber, de se começar com a simbologia “conceitual” de sua nobre profissão e reconhecimento, que é a melhoria remuneração, capacitando-o a ministrar menos aulas e de maneira que ele possa focar “melhor” em apenas determinado número de classes, sendo que isto corroborará com o fato de não somente as aulas se transformarem em reais agentes de transformação, como também da geração de mais empregos para o setor educacional.
Das três principais escolas sociológicas, uma se faz “bem presente” no sentido da inserção do indivíduo em sua sociedade, ou seja, da escola como “provedora” da educação necessária para o encontro das demandas sociais vigentes, mas penso que uma escola sociológica em específico lida com as reais questões visionárias que jazem por detrás das sombras do capitalismo e dos dissabores que dele resultam. E este modelo é singularmente diferenciado, sempre atual e também faz parte integrante de muitos educadores quando o assunto é ensino versus Estado. A meu ver Marx, embora dito por muitos não se preocupar deveras com a educação, já desmantela todo o sistema vigente quando aponta as tempestes sociais que, de forma inexorável, vertem para a realidade escolar. Como causa ultima de soluções, e como educador, de certo comungo com esta visão que, como em uma árvore, aponta a suas raízes fracas e miúdas do capitalismo para o sustento de um humanismo de necessidades plurais, pois análogo à democracia, seu paradoxo é que as necessidades de muitos são esmagadas em função das necessidades de poucos.
Sabemos que a principal função social da escola é formar o indivíduo com bases no seu futuro exercício,e plenamente ciente, de sua cidadania, embora o que se tem como meta hoje é o “enquadramento” num dito círculo vicioso, digo, virtuoso, que como em uma cadeia alimentar, dada a imposição do sistema social vigente, o indivíduo nasce, aprende, produz, enriquece os outros, ganha muito pouco, paga os impostos brasileiros em cinco meses de serviço antes do ganho real, e este “ressentimento” generalizado gera violência, que por sua vez reflete na educação e na evasão escolar, mas que por sua vez leva o indivíduo ao submundo, e que por sua vez não aprecia a escola, e que consequentemente vai ser também explorado por trabalho escravo, “ad infinitum”.
Por fim, a escola ainda é a base, o pilar que sustenta toda predileção futura por uma sociedade mais justa e de equidade. É a instância primordial para aquisição do saber no desenvolvimento cognitivo do individuo, e para tal, disciplinas como sociologia e filosofia devem ser disponibilizadas em âmbito nacional, sem exceções, para que ao menos um elemento critico possa brotar por parte dos discentes e que isso de fato se torne um dia sinônimo de engajamento social de alunos e professores em prol da constituição de uma sociedade menos desigual e de precariedade educacional.

Nenhum comentário:

Postar um comentário