terça-feira, 17 de agosto de 2010

Dos fundamentos de Platão, da razão e pré-socráticos - Osvaldo


Penso que é interessante salientar que independente de visões "pessoais" como o ceticismo, materialismo, idealismo, racionalismo, ou até mesmo o empirismo, ou outra posição filosófica pertinente a cada um de nós e que foram desdobradas ao longo dos séculos,estas questões do conhecimento, da "gnose", da epistemologia, são obliteradas em muitos compêndios da filosofia contemporânea que execram as proposições metafísicas que, a saber, tentam dar sustento para as teorias que contrapõem o ceticismo filosófico ou o relativismo infundado, então de fato este é um pilar muito sólido para a ciência filosófica enquanto indagação de tudo.Quando não muito, penso que tal síntese, a partir de Parmênides e de Heráclito, são úteis para apagar as chamas do "edifício" do conhecimento em seu "não entendimento".
Penso que de fato Heráclito e Parmênides, grosso modo, encabeçam estas questões que renasceram na filosofia moderna, tendo perpassado inclusive Platão, este que por sua vez mais se preocupou com a questão do conhecimento que, por assim dizer, se inicia com ambos pré-socráticos, e que deixaram certos "problemas teóricos" a serem resolvidos, os quais não eram ingressos na dialética Socrática dada a natureza "peculiar" deste filosofar.
Claro que em uma primeira postagem como esta não poderei discorrer de forma concisa acerca de alguns desdobramentos abrangentes, mas de início e em uma primeira instância, se faz mister mencionar que para Platão, as questões deixadas por Parmênides e Heráclito podem ser juntadas com as dos sofistas e seus peculiares relativismos que detonavam outra "dor de cabeça" para a filosofia. Questão esta também retomada na filosofia moderna.
Aqui minha intenção é apenas salientar a importância da historia da filosofia e os verdadeiros cernes do conhecimento, postulados hoje como "passado", portanto não é intenção minha sair inteiramente do contexto antigo.
Bem, a princípio penso que Platão via em Heráclito uma "certeza", ou no mínimo uma indagação, no que diz respeito ao mundo sensível, da instabilidade e mobilidade,o "devir",ao passo que em Parmênides, Platão faz correspondência com o mundo das idéias, o inteligível, cuja característica é a imutabilidade e estabilidade. Decorrendo disto, penso que Platão faz uma tentativa de "sintetizar" os dois pré-socráticos.
Penso que é de conhecimento de todos que Platão concebe a existência do mundo metafísico das idéias, e esta divisão metafísica da realidade esta na alegoria da caverna, divisão entre o mundo inteligível e o mundo sensível, que inextricavelmente está atrelado às proposições de Heráclito e Parmênides, isto é, do transitório e do imutável.
De fato Heráclito, a meu ver, abre uma tremenda brecha para o relativismo.
Penso que o nada seja, a princípio, ausência de alguma coisa, ou aos nossos sentidos que capturam a realidade como se apresenta. As formas dicotômicas do ser e não ser, e este assunto foi recobrado posteriormente, em Platão e outros filósofos da modernidade, como Descartes, Locke, Hume e Kant, que se preocuparam veementemente com as questões do conhecimento, ou seja, seria este "conhecimento" somente apriorístico, isto é, como é dado de acordo com nossos sentidos, ou ele seria de forma inteligível? Ou uma mescla de ambos?
Parmênides foi o primeiro a pensar que o mundo percebido por nossos sentidos é um mundo de ilusão, aparências (e não há nada aqui de debates com as filosofias orientais). Ele também contrapôs a proposição de mutabilidade, isto é, a aparência sensível das coisas da natureza não possui a realidade (isto nos remete a Platão).
Sendo Parmênides o primeiro a contrapor o ser ao não ser, e o não ser que não é, fica claro, assim penso, que o racionalismo começa a tomar grande fôlego, e posteriormente algo análogo à isto é feito no projeto de Descartes, ou seja, ele assegurou a veracidade e integridade do mundo lá fora com o argumento ontológico para a existência de Deus, que asseguraria idéias eternas e inatas, as "reminiscências" de Platão (estas não são mutáveis), advindas da razão, como a exemplo da matemática, imutável, inteligível, entes que "são"!
Penso que as premissas distintas entre Parmênides e Heráclito estão, a priori, bem sintetizadas, tendo em vista suas linhas mestras e axiomáticas.
No que tange respectivas contribuições ao desdobramento filosófico no que concerne a posteridade de ambos, é característico os fundamentos da filosofia de Platão tendo como base as premissas anteriores destes que forma pilares da filosofia grega, transpassando o período clássico, helênico, medieval, até nossa contemporaneidade, em especial ao fato das proposições que se desdobraram em ontologia, metafísica e, arrisco dizer, uma leitura “antropológica” dados os “vieses cognitivos” de conceitos vistos anteriormente em Parmênides, que indiretamente são abordados nos vieses sofistas, mas obviamente penso que estes últimos não beberam daquela fonte, mas sim haveria um “precedente”.
A saber, Platão deveria, assim como Kant posteriormente o fez em seu idealismo e critica da razão, estabilizar este incêndio provocado por vieses distintos dos dois pré-socráticos. Pois é sabido que Platão não tolerava os argumentos de tal “relatividade” ou perene transformação do conhecimento , que culminaria impreterivelmente em um ceticismo endêmico.
Para Platão o devir só poderia estar situado no mundo sensível, das aparências, enquanto que a perene idéia das coisas permanentes, me perdoem a redundância, só poderia se situar com a inteligibilidade do mundo das idéias perfeitas e que, de acordo com nossa apostila, fundiria o que chamaríamos de metafísica.
Assim sendo, se Platão hoje é denominado como “príncipe” da filosofia, este também teve, além das contribuições da dialética ascendente de Sócrates, pilares sólidos para fundamentar sua filosofia, advindos dos pré-socráticos, que também isto faz se figurar uma dialética da própria historia da filosofia.

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