Bem-vindo ao blog "O COGITO" de ensaios filosóficos, de autoria de Osvaldo Rinaldi. A filosofia é antes de tudo uma atividade racional. Para a filosofia não existem respostas certas, mas sim perguntas certas a partir do assombro filosófico no qual somos acometidos, fora da caixa. Paradoxalmente ao senso comum, Inverte-se a ordem de que "é preciso crer para compreender" para "é preciso compreender para crer". Por fim cito minha infinita afeição pelo grande racionalista Descartes.
domingo, 29 de agosto de 2010
Um ceticismo acerca das matemáticas? - Osvaldo
Não sei se podemos assegurar, a não ser através de um argumento cético, que as matemáticas sejam “finitas” neste caso, ou apenas quando o fenômeno não é apreendido.
Mas também não podemos dizer que Descartes está preocupado com o “infinito”, mas sim com a comprovação de que certas verdades são as mesmas verdades à disposição a todos os homens independentemente do relativismo filosófico endêmico. Seu projeto é dado a partir da descrença e ceticismo que se originava, sendo que o próprio filósofo já não podia confiar nos próprios juízos após estas indagações e das ciências que eram operadas ainda pelos sentidos, mesmo estas sendo empíricas.
A questão está na facilidade do método, ou seja, as matemáticas não apenas são constituídas de rigor como também são entes inteligíveis, e para Descartes isto vem a corroborar com as verdades do mundo que também podem ser apreendidas de forma inata, e ainda pela razão. Não vamos nos esquecer que a filosofia em si, em seu sentido estrito, lida com as operações racionais desde sua antiguidade.
O problema maior de Descartes é contra o ceticismo, este que estava aumentando no período moderno após as “avalanches” do renascimento e das novas descobertas cientificas, e tinha como interlocutores famosos Montaigne.
Da inteligibilidade dos conceitos matemáticos todos nós não podemos negar, pois estes não são operados pelos sentidos, dado a impossibilidade de sua contradição.
Com efeito,Descartes faz uma reviravolta surpreendente ao trazer de volta os vieses da Grécia antiga após o vácuo deixado pelo dogmatismo escolástico, e não obstante, eleva o sujeito como “conhecedor”, explorador e “certificador” daquilo que até então era imposto de forma inquestionável. Ele sistematicamente “implode” toda a forma de pensar rudimentar até então, esta que também perdura até os dias atuais.
Oras, como já disse nas outras postagens do mesmo tema, uma vez que Descartes procura um fundamento verdadeiro que dê a certeza que ele necessitava para a epistemologia, ele ainda tem um problema que originara sua busca.
Se tenho a certeza de minha existência, se cogitamos,se apreendo as matemáticas sendo esta imbuída de inteligibilidade, ainda assim a verdade lá fora não pode ser provada, mas apenas minha mente e existência posso provar. Ele então é fadado, inicialmente, ao solipsismo.
Isso significa que sou apenas uma substância pensante, mas para provar também a realidade da “res extensa”, ou seja, da matéria, ele formula o argumento ontológico para a prova de Deus que se resume no “back-up” de todo o conhecimento possível, mas este após o rigor da edificação de um edifício forte e seguro.
Para finalizar, você citou: “No máximo a proposta de Descartes de um método de viés matemático pode explicar como a mente conhece, mas não como são de fato”.
Este é um assunto extenso, não dá para resumir aqui, é impossível, talvez você esteja se referindo a algo estritamente ontológico e fenomenológico aqui, tratado a partir do cartesianismo e do cogito. Ainda digo que não é o viés cartesiano, e sim a teoria do conhecimento a partir da primazia da subjetividade. Grosso modo, ele eleva o sujeito a um status sem precedentes.
Esta sua indagação nos remete de forma abrangente à fenomenologia, tratado por Brentano, Husserl, Ponty, Heidegger, e Sartre. Mas advinha quem dá o impulso inicial?
O próprio Descartes.
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