Bem-vindo ao blog "O COGITO" de ensaios filosóficos, de autoria de Osvaldo Rinaldi. A filosofia é antes de tudo uma atividade racional. Para a filosofia não existem respostas certas, mas sim perguntas certas a partir do assombro filosófico no qual somos acometidos, fora da caixa. Paradoxalmente ao senso comum, Inverte-se a ordem de que "é preciso crer para compreender" para "é preciso compreender para crer". Por fim cito minha infinita afeição pelo grande racionalista Descartes.
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
O mundo como vontade e representação (Osvaldo)
Quando Schopenhauer diz "o mundo é minha representação", não quis dizer que o homem simplesmente representa mentalmente as coisas, ele quer dizer muito mais: que toda a realidade existe, a princípio, enquanto meramente representada pelo homem. O que é dado a este imediatamente é como as coisas talvez pudessem ser em si mesmas; imediatamente dadas são apenas representações das coisas.
O exemplo que se dá: o homem não sabe nada da árvore mesma, mas apenas da representação da árvore. Ele também diz no mesmo sentido que o homem “não conhece o sol algum e terra alguma, mas apenas um olho, que vê o sol, e uma mão, que toca a terra”. Portanto, todas as coisas são aparições ou fenômenos. Daí ele se baseia em Kant, e recusa também espaço, tempo e causalidade aos objetos e os atribui ao espírito humano. Diz que temporal, espacial, causado e causador NÃO são as coisas em si mesmas; mas são coisas do olhar do homem que lança em si, a fim de projetá-los fora no mundo, é de caráter fenomênico. Mas assim a realidade seria idealismo para ele, portanto seria o mundo nada mais que um sonho e aparência do espírito humano.
Mas ao refletir acerca da aparição ou fenômeno, fica claro para ele que, atrás da aparição, tem que haver algo que apareça. Isso Kant tinha observado na coisa em si, um mero “x” sobre o qual não se pode afirmar nada.
Schopenhauer vai adiante e ousa afirmar sobre a essência desta coisa em si, tomando outro caminho para entender como o homem se sabe como ser corpóreo. Ele diz que é de duas maneiras: por um lado uma coisa como as outras, objeto da representação. Por outro, há uma perspectiva interna, pela qual o corpo é sentido. Neste caso é a expressão da vontade do homem. Os movimentos corpóreos vêm dos atos da vontade, da vontade observada exteriormente.
O corpo aparece como coisa material, mas conforme seu ser-em-si, é vontade.
Depois de toda explanação da vontade e sua representação, sofrimento e sublimação do mesmo pelo homem, Schopenhauer cita referencias ao pensamento platônico, as idéias das coisas, dizendo que elas são as eternas e essenciais formas originárias da realidade, acima da transitoriedade: o arquétipo da pedra, do homem, da árvore. Elas se expressam na realidade e nas suas múltiplas configurações. E as idéias por si mesmas o que são? São as puras exteriorizações da vontade originaria que precedem toda a realidade. A vontade originaria se realiza antes no reino das idéias, para depois se realizar na realidade visível.
Schopenhauer propõe então que o mundo é apenas um, mas que há dois pontos de vista nele, da representação e da coisa em si (vontade).
Sendo o fenômeno e a coisa em si uma coisa só, não é preciso que o objeto saia de onde quer que seja para adentrar a mente humana, pois Schopenhauer diz que a mente é uma criação espontânea do mundo; a coisa em si não precisa causar a mente, ela simplesmente se torna mente e passa a ver as si mesma como representação.
É mais ou menos isso, creio.
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