sábado, 23 de outubro de 2010

Da atual afronta à Ética política - Osvaldo


Podemos dizer que a Ética é uma das questões mais polemizadas no compêndio de discussões filosóficas, em seu sentido estrito. Mas diametralmente oposto ao debate das questões da moral e dos costumes de cada nação, a ética política sempre tentou para uma sistematização lógica dentro dos pressupostos sociais que determinam seu sistema de governo por assim dizer,e em nosso caso, a democracia.
Podemos então deixar nossos juízos de lado aqui, em especial os aprioristicamente partidários, para nos situarmos na discussão filosófica que, por sua vez, desde o inicio da civilização ocidental, se remete à Ética como “investigadora’” e balizadora destas normas sociais e principalmente dos que detém o poder em nome das massas.
Pressupõe-se que, embora a vontade da maioria não necessariamente atenda a vontade de minorias, a Ética, independentemente de partidos, visa um escopo de conformidades estanques e não voláteis que visam , no caso da democracia, a liberdade de expressão, o não aparelhamento partidário em questões unilaterais, e o exemplo social de que os homens no poder sirvam de antemão como exemplo organizacional ao qual todo cidadão fomenta por observância.
Não podemos permitir, em uma Ética política e uniforme, que questões de relatividades partidárias engendrem o desmantelamento das instituições que solidificam a forma de governo democrático, em prol de uma sandice individualizada, paternalista e messiânica que com bravatas e uma equipe de “pedreiros” venham a ruir os pilares daquilo que atenda o bem comum a todos os cidadãos. Maquiavel aqui estaria aqui mais vivo do que nunca.
Não precisamos se versados em filosofia e Ética, mas o menos incautos dos homens entenderá que um governo, um partido e um presidente que enceram em si mesmos a governabilidade de uma nação ignorando as nossas instituições que deveriam se sólidas, não se encaixam em um escopo que visa, respectivamente, sua preservação.
Exemplos como barganhas mirabolantes e televisivas e de acordos pífios com a corrupção de muitos outros políticos encerram a verdadeira prostituição do intelecto ético-político .
Sem sombra de dúvidas, estes homens levam ao pé da letra uma máxima sofista de que um homem é sua própria medida para todas as coisas, mas isto se torna perigosamente banal no que tange sua representatividade.
Se os fins aqui não justificam seus meios, isto só pode ser um exemplo de retrocesso para aquilo que há pouco abrimos os olhos após um período de trevas com os ditames de uma política ditatorial.
Afinal de contas qual seria a tênue linha que separa o desrespeito às instituições maiores de um caudilho tresloucado de bravatas populistas e pueris? Fazendo vistas grossas ao despudor endêmico de um partido que fora outrora a máxima de uma política esquerdista?
Como em filosofia não se pode pousar sobre partidos, credos, e etnias, o papel da ética ainda é estritamente relacionado a esta inspeção, não importando quem esteja sob as luzes deste holofote.
De certo os mais incautos não perceberão, de seus políticos pouco éticos, o exemplo que estes mesmos deveriam dar. Seja talvez pelo fato de os fins não justificarem os meios, ou mesmo da própria lacuna enorme entre nossa educação e a implementação de uma critica nela própria. Tudo isto pode ser talvez até explicado. Mas em se tratando dos ditos intelectuais que dizem amém a tudo isto, de forma vergonhosa para sua classe, ou eles não sabem de fato do que se trata ética na política, ou eles ainda sonham, como os fins não justificam os meios, com aqueles vieses políticos e sociais que mostraram ser na história falhos e autoritários, e que cercearam toda forma de expressão livre de seus cidadãos e fugiram de um bojo em que se encerra a Ética e o humanismo em potencial.
Nada explica que uma vanguarda de intelectuais faça, discretamente ou publicamente, bravatas em prol daquilo que vai contra o que encerra em seu cerne a mais das altas discussões acerca da Ética política.
Em um campo de neutralidade, esta Ética foi extinta, ao menos o pouco daquilo que restava e estava estritamente relacionada a uma democracia jovem, onde errar é humano, mas perpetuar os erros que ecoam a iminência do caudilhismo, é insensato, para não dizer outra coisa!

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