sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Nosso modelo vigente de racionalismo não contempla a ética. Cito Descartes e Habermas - Osvaldo


De certo não podemos culpar o racionalismo em seu sentido estrito, advindo do primado da subjetividade de Descartes, como um processo que abnega a apreensão de conceitos éticos para a humanidade. Explico o porquê.
É inevitável o ser humano desembocar no racionalismo, este é um processo natural para o homem tanto fisiologicamente como intelectualmente. Descartes apenas dá um solavanco inicial ao demolir até aquelas questões últimas do ceticismo e relativismo no que concerne o processo do conhecimento, levando a cabo a dúvida da própria existência.
A parir daí, fica claro, neste vês epistemológico, que o fenômeno ou objeto se relaciona com o sujeito cognoscente de forma clara, e por certo, as questões éticas, embora não profundamente tratadas por Descartes, é de apreensão imediata ao sujeito quando o assunto é humanidade e humanismo.
Não me refiro aqui às questões da moral, pois para Descartes, estão diretamente relacionadas com os povos e costumes, e ele escreveu um trabalho acerca da “moral provisória, ou seja, dadas as peculiaridades circunstanciais . Portanto penso que as questões que concernem a ética é para os filósofos sem duvida de caráter universal. Podemos verificar um espaço considerável entre ambas aqui.
Mas voltando ao assunto da racionalidade, em Habermas verificamos, em sua teoria crítica à racionalidade, que esta, hoje, é “a maneira como os sujeitos falantes e atuantes adquirem e usam o conhecimento”.
Harbemas afirma que os homens alcançaram um grande domínio tecnológico sobre a natureza. No entanto, não conseguiram resolver da mesma forma as questões éticas, de justiça e de convivência. Dessa forma, tem-se um desenvolvimento desigual da razão técnica, instrumental apenas, em detrimento da razão prática. Por esse motivo o autor estrutura uma mudança de paradigma, que a meu ver, nos remete novamente a Descartes.
“O parâmetro de racionalidade e de critica deixa de ser o “sujeito” cognoscente que se relaciona com os objetos a fim de conhecê-los e manipulá-los, passando a ser a relação intersubjetiva que os sujeitos, entre si, estabeleceram, a fim de se entenderem sobre algo”
Bem, é dispensável dizer portanto por que moral muitas vezes pode ser confundido com ética, e que conceitos morais muitas vezes se chocam com a inspeção da ética. Isto é uma confluência interna que de fato ainda não iluminou o homem em sua totalidade, tampouco teorias messiânicas o fará com impactos ufanistas meramente.

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